Covid-19: critérios para internação em UTI

5 de setembro de 2020 4 mins. de leitura
Sintomas mais graves da doença levam à necessidade de ventilação mecânica invasiva

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A pandemia do novo coronavírus continua avançando no mundo, tendo causado a infecção de mais de 25 milhões de pessoas até o momento. O número de mortos se aproxima de 843 mil, enquanto cientistas lutam contra o tempo para desenvolver uma vacina e frear definitivamente o avanço da covid-19. 

Por enquanto, o tratamento mais eficaz é a ventilação mecânica para os casos graves. Porém, como definir quem deve ser encaminhado para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?

Para responder a essa questão, o doutor Antônio Falcão, professor responsável pela disciplina de Fisiologia e Metabologia Cirúrgica na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), participou do podcast #LinhaDeFrente, do Conselho Federal de Medicina, falando sobre os procedimentos adotados no Brasil. “Dentre os pacientes que desenvolvem as formas mais graves da doença, o tempo de início dos sintomas e o surgimento das manifestações graves varia de 5 a 10 dias”, explicou o especialista.

Cerca de 20% dos contaminados precisam de internação hospitalar para o tratamento da doença. Eles precisam ser acompanhados de perto para garantir maior agilidade caso desenvolvam sintomas mais graves, como desconforto respiratório, sepse e choque séptico. “Esses pacientes são avaliados com tomografia de tórax, e a gente observa o percentual de acometimento por vidro fosco”, explicou o médico.

Tomografia do tórax pode indicar pontos foscos característicos da infecção por covid-19. (Fonte: Unsplash)

Problemas respiratórios

Como a maioria dos pacientes acometidos pela covid-19 são assintomáticos, a taxa de mortalidade global da doença está entre 6% e 8%. “No entanto, no grupo que tem admissão em terapia intensiva e evoluiu para a necessidade de ventilação mecânica, a mortalidade pode chegar a 80%”, alertou Falcão.

Os principais sintomas que indicam um agravamento do quadro do paciente são a dispneia, a fadiga intensa, a taquipneia e a dessaturação. Assim, pessoas com essas manifestações precisam de atendimento emergencial, mesmo que ainda não tenham o diagnóstico confirmado de covid-19. 

“Com relação à síndrome do desconforto respiratório agudo, pode ser considerada a avaliação clínica logo na admissão ou durante a evolução da infecção no trato respiratório inferior”, disse o médico no podcast. Sintomas como frequência respiratória acima de 24 irpm (incursões respiratórias por minuto) e saturação de oxigênio menor ou igual a 93% são indicativos de um quadro infeccioso mais grave.

Ventiladores mecânicos são fundamentais no tratamento de pacientes com sintomas graves de covid-19. (Fonte: Fotos Públicas)

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Risco de choque

Outra gravidade que pode levar à internação em uma UTI é quando a pessoa entra em choque. “Na maior parte das vezes se dá por choque séptico, e o paciente pode evoluir para disfunção neurológica com rebaixamento do nível de consciência, queda da pontuação da escala de coma de Glasgow, disfunção respiratória e cardiovascular”, detalhou o médico no podcast. O choque séptico também pode evoluir para pressão arterial baixa (menor do que 9×6) e para disfunção renal com oligúria.

“A fase de internação em medicina intensiva com uma equipe multidisciplinar bem capacitada faz a diferença em relação aos bons resultados”, determinou Falcão. Por isso, é importante que o sistema de saúde não esteja sobrecarregado, para que todos que necessitem de internação em terapia intensiva tenham a garantia da vaga.

Pacientes de covid-19 em pós-operatório de cirurgias não eletivas também podem ser encaminhados à UTI. Além disso, pessoas com imunidade baixa ou acidente vascular encefálico são avaliadas pelos médicos para uma possível internação.

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Fontes: Conselho Federal de Medicina

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