Por que devemos falar sobre biossimilares?

20 de agosto de 2020 5 mins. de leitura
Custo-benefício e acesso ampliado a novos tratamentos são capazes de resolver problemas relacionados à sustentabilidade de sistemas de saúde

Manter a sustentabilidade dos sistemas de saúde é um desafio no Brasil e no mundo, além de uma necessidade urgente. Considerando isso, o Media Lab  Estadão e a Sandoz reuniram profissionais da área para falar sobre o assunto e, de acordo com eles, devido à otimização de recursos, é possível estender tratamentos de qualidade a uma parcela maior da população. Dessa forma, para garantir essa vantagem, é preciso investir também em medicamentos de custo-benefício otimizado.

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A exemplo dos genéricos, existem os biossimilares, que são aqueles produzidos a partir de patentes já expiradas de medicamentos biológicos, garantindo que mais empresas possam se dedicar à criação de alternativas e à manutenção da concorrência mercadológica.

Considerando que historicamente grande parte do orçamento público é destinado aos produtos de referência, existe a necessidade de disseminar os benefícios dessas soluções.

Marco Aurelio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, explicou que dimensões importantes são contempladas pela adoção nacional de biossimilares: a socioeconômica, com a redução de custos, e a técnico-científica, que permite ao país participar da revolução mundial de tratamentos. “A produção nacional da vacina será possível em tempo recorde por causa dos investimentos realizados na área”, ele exemplificou.

Sustentabilidade de sistemas de saúde é um desafio que encontra nos biossimilares um aliado. (Fonte: Unsplash)

Thiago Rennó dos Mares Guia, diretor-executivo científico e de negócios da Companhia Brasileira de Biotecnologia Farmacêutica (Bionovis), apontou que, apesar de o Brasil ser um dos maiores compradores do mundo de biofármacos, carece de uma plataforma de desenvolvimento de moléculas que dominasse – um cenário que, felizmente, está mudando.

“Além de uma oportunidade para os pacientes e os médicos, que têm mais opções terapêuticas, os biossimilares podem nos colocar no patamar daqueles que dominam uma tecnologia muito importante e estratégica, ainda mais em tempos como esses, de pandemia, onde vemos nitidamente a importância de países continentais terem essas competências dentro de casa para lidar com situações análogas de maneira menos impactante”, afirmou Rennó.

“Se temos a oportunidade de encontrar tratamentos com um custo menor com a mesma eficácia e segurança, demonstradas pelos estudos, isso é bastante favorável para podermos oferecê-los cada vez mais”, defendeu Juliana Busch, diretora de previdência e assistência da Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde. Ela citou que os maiores desafios enfrentados no país são: transparência nas negociações, controle de operadoras e desconfiança de pacientes e prescritores, além de intercambialidade. “Esclarecimento é muito importante”, disse Busch.

Inovação e acesso democratizado a novos tratamentos são características das pesquisas sobre biossimilares. (Fonte: Unsplash)

Aprendizado constante

Para que esses medicamentos atinjam parcelas cada vez maiores da população, o Estado também deve fazer sua parte. O professor Denizar Vianna, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, explicou que o direcionamento de investimentos para a aquisição de biossimilares precisa ser ampliado – assim como é necessária a construção de uma plataforma unificada para cada medicamentos do ponto de vista do comprador único, que encontra problemas na hora de selecionar opções.

“Existe um cenário em que, para um mesmo produto, nós temos dois ou três biossimilares. Por isso, existe a necessidade de uma articulação muito grande do Ministério da Saúde, de uma política para que isso se dê de uma maneira segura para os pacientes”, ele complementou.

O preço também é um fator muito importante, de acordo com Merula Steagall, presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia: “Biossimilares, sem dúvida, vão acelerar o processo de acesso”. Ela destacou que, devido à inexperiência do país com essas soluções, ocorre uma dificuldade de identificar problemas possíveis originados da interação das substâncias com outras administradas durante tratamentos de doenças graves. “Todos estamos aprendendo a lidar com as novidades”, afirmou Steagall.

Antes de chegar ao consumidor, as substâncias devem passar pela chamada Avaliação de Tecnologia em Saúde, utilizada em todos os países de acesso universal ao sistema, que, segundo Vianna, é uma maneira de olhar as evidências científicas e as questões econômicas antes da introdução de algo novo. O professor defendeu que isso garante a celeridade ao acesso de biossimilares, uma vez que a parte mais demorada já foi superada pelo medicamento de referência.

Caminho estabelecido

Krieger comentou que, com os biossimilares, existe realmente a possibilidade de que problemas de sustentabilidade de sistemas de saúde sejam resolvidos. De acordo com ele, o modelo brasileiro é algo histórico.

“Estamos vivendo um momento único. O Brasil está contribuindo para a inovação. O debate sobre os biossimilares é global, e garantir o acesso do Sistema Universal de Saúde à inovação tecnológica com parcerias públicas e privadas é um orgulho para todos nós”, ele finalizou.

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Fontes: Estadão.

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