Indústrias farmacêuticas do mundo todo se dedicam ao desenvolvimento acelerado de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus, mas compreender outros elementos é fundamental para que uma solução do tipo, quando disponível, seja de fato aplicada: a opinião da população e, é claro, seu desejo de se proteger.
Para trazer luz a esse assunto, o Estadão Summit Saúde e o NZN Intelligence desenvolveram o levantamento Cenário da vacinação no Brasil: perspectivas do mundo pós-pandêmico, revelando informações importantes a respeito do tema.
Os dados mostram que existem ao menos três fatores principais que influenciam de forma contundente o futuro da saúde no País: confiança na imunização, consumo de informações e o que é considerado necessário para o recebimento das doses (variando de acordo com aspectos como gênero, idade e região). Confira.
1. Confiança
Com base em entrevistas concedidas por 1.960 pessoas de todas as regiões do Brasil, foi constatado que 67,18% pretendem ser vacinadas contra a covid-19, enquanto 14,36% não veem necessidade. Isso varia de acordo com o local em que residem, já que 12,65% dos participantes do Sul disseram não acreditar em imunizações e 19,5% afirmaram não ter intenção de recebê-las. Além disso, 23,3% declararam não confiar no Calendário Nacional de Vacinação, ficando atrás apenas do Centro-Oeste (23,5%).
Quando se fala de gênero, é possível verificar que aqueles que se identificam com o masculino no geral são mais desconfiados: 13,1% não veem necessidade de se vacinar, enquanto apenas 7,71% das mulheres dizem o mesmo. No geral, 71,81% delas gostariam de ser imunizadas assim que as doses fossem liberadas, contra 68,6% deles.
2. Fonte de informação
Ainda que grande parte das pessoas priorize conteúdos veiculados pelo Ministério da Saúde (que apresentou mais de 40% de confiança em todas as regiões do País, chegando a 53,13% no Norte e 52,6% no Centro-Oeste) e dados publicados por jornais (que lideram no Nordeste, com 49,5%, e no Sudeste, com 49,3%), 9,89% afirmaram confiar apenas em compartilhamentos de redes sociais e WhatsApp (chegando a 14,06% do total das respostas de habitantes do Sul).
Quanto mais avançada é a idade, maior é a preferência por esses canais. De acordo com o estudo, 24,26% das pessoas com mais de 55 anos declararam que suas decisões relacionadas ao recebimento da vacina foram definidas por aquilo que receberam no nos aplicativos citados, contra 6,13% daquelas entre 18 e 24 anos.
Nota-se, também, que aqueles com menor poder aquisitivo, cuja renda familiar é de até R$ 1.874 mensais e aqueles com maior poder aquisitivo (que ganham R$ 18.740,01 ou mais) totalizam 35,69% dos que preferem fontes de informação não convencionais.
3. Pré-requisitos
Não se pode esquecer, também, que fatores relacionados à taxa de eficácia da imunização (52,9%), à acessibilidade (22,44%), ao país em que for desenvolvida a vacina (16,92%) e à quantidade de doses (7,74%) determinarão a escolha no caso de haver mais de uma opção.
Além disso, se algo surgir até 2021, alguns pré-requisitos foram estabelecidos pelo público: 81,4% dos participantes tomariam a vacina apenas se fosse testada e comprovadamente eficaz, enquanto 8,32% a receberiam independentemente de seus resultados.
Perspectivas do mundo pós-pandêmico
Se por um lado é notada a inclinação à prevenção da doença causada pelo novo coronavírus, por outro 35,15% dos entrevistados declararam não terem sido infectados nem conhecerem alguém de seus círculos de relacionamentos diagnosticado positivamente. Já 45,51% afirmaram terem tido conhecimento de casos com sintomas leves, 10,26% de casos com sintomas graves e 13,1% de óbitos decorrentes da condição.
Do total, 20,25% não se recordam quando foram vacinados pela última vez, 19,78% receberam imunização nos últimos cinco anos e 59,97% foram atendidos no último ano ou nos últimos seis meses (somados).
Sendo assim, percebe-se a necessidade de investimento em iniciativas de conscientização e estratégias de atração, uma vez que a pesquisa revela que 18,46% dos entrevistados têm interesse na vacina apenas se ela for gratuita.
Estadão Summit 2020
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Fontes: NZN Intelligence.