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Como as queimadas agravam os efeitos da covid-19?

Recent burned and deforested area within Jamanxim National Forest. Amazon Rainforest - Pará / Brazil

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A situação das doenças respiratórias causadas pelas queimadas na região da Amazônia Legal já era extremamente perigosa, mas piorou ainda mais com a chegada da pandemia. Diversos estudos comprovaram um risco maior de infecção por covid-19 em populações sujeitas à fumaça, e um deles é o relatório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do WWF-Brasil, o qual estimou que as queimadas foram responsáveis por um gasto de cerca de R$ 1 bilhão em saúde na região entre 2010 e 2020. 

Como acontece o agravamento da covid-19

Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) apontaram um aumento de 30% no risco de internação por doenças respiratórias em crianças que vivem em áreas de queimadas. 

A exposição à fumaça gera doenças respiratórias e processos inflamatórios, que, em conjunto com uma infecção por covid-19, podem levar a quadros graves de problemas de saúde. O estudo da Icict/Fiocruz analisou três regiões: o bioma Pantanal, a região entre o sudeste do Pará e norte do Mato Grosso, bem como a porção ocidental da Amazônia Legal.

Estudos anteriores à pandemia já alertavam para as situações preocupantes que ocorrem em determinadas localidades onde se realiza o período de queimadas. A prática é comum no preparo de solo para os próximos plantios ou no desmatamento de área de floresta para abertura de pasto. A situação se agrava porque o período coincide com a época de seca, quando a umidade já é naturalmente baixa.

Área queimada e desmatada na Amazônia. (Fonte: Kristof Bellens/Shutterstock/Reprodução)

Outro agravante é a falta de estrutura básica de saúde dos municípios afetados e de algumas áreas que abrigam reservas indígenas. A situação já era de sobrecarga antes da chegada da pandemia, e a covid-19 levou o sistema ao colapso em diversos municípios em 2020.

Os efeitos na Amazônia

Um estudo de pesquisadores da InfoAmazonia em parceria com pesquisadores do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGama), da Universidade Federal de Acre (UFAC), mostrou que a fumaça das queimadas estava relacionada a um aumento de 18% nos casos graves da covid-19 e 24% em outras síndromes respiratórias na região da Amazônia Legal. Os estados mais afetados foram Rondônia, Mato Grosso, Acre e Amazonas.

O InfoAmazonia apontou que, em Rondônia, a população chegou a viver por 26 dias com altos índices de poluição, que elevaram em 66% as chances de hospitalização por complicações da covid-19. No Acre, o risco aumentou em 54%, e, no Mato Grosso, onde a situação foi pior, esse número chegou a 82%.

Colapso de sistema de saúde em Manaus levou à falta de equipamentos médicos, como o oxigênio. (Fonte: guentermanaus/Shutterstock/Reprodução)

Para chegar a essas conclusões os pesquisadores tiveram que driblar a falta de dados. Desde 2019, quando as queimadas começaram a crescer em ritmo assustador, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) deixou de divulgar os dados sobre a poluição em cada município, que até então eram públicos.

Efeitos da poluição no corpo

Uma pesquisa americana confirmou a correlação entre o aumento do risco de covid-19 em áreas de queimadas. O estudo do Centro de Medicina Genômica do Instituto de Pesquisa do Deserto (DRI) analisou a influência da fumaça causada por incêndios florestais do Oeste do País em 2020 nas infecções por covid-19 e concluiu que houve aumento de 17% dos casos.

A fumaça exala uma substância invisível ao olho nu, com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros, que, quando inalada, pode causar infecções no pulmão e comprometimento do sistema imunológico, deixando o corpo mais suscetível a outras doenças.

A preocupação com a poluição vai além das doenças respiratórias, o impacto bioquímico causado pelos materiais inalados pode causar aterosclerose, que pode gerar doenças isquêmicas do coração, câncer, além de contribuir para o estabelecimento de diabetes e déficit cognitivo.

Fonte: Fiocruz, Repórter Brasil, Revista Galileu, O eco, Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, InfoAmazonia, IstoÉ Dinheiro, WWF, A Pública.

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