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Opioides são poderosos medicamentos para aliviar dores crônicas, sobretudo de pacientes em tratamentos de câncer ou com traumas. No entanto, o abuso dessas substâncias causa dependência e tem gerado uma crise de saúde pública nos Estados Unidos e no Canadá.
No Brasil, também foi observado aumento de prescrições desse tipo de fármaco. As vendas de opioides saíram de 1,6 milhão em 2009 para 9 milhões em 2015, em crescimento de 465%, segundo estudo publicado no American Journal of Public Health (AJPH).
Os dados mais recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que, em 2020, foram comercializados 21,7 milhões de caixas de analgésicos narcóticos. Apenas no primeiro semestre do ano passado, foram 14,4 milhões de vendas.
Quais são os medicamentos derivados do ópio?
Os medicamentos opioides podem ser classificados em naturais, semissintéticos e sintéticos, de acordo com o método de obtenção ou de fabricação.
Opioides naturais
Os naturais são extraídos diretamente da folha da papoula, como a morfina, o pó de ópio e a codeína, substância analgésica narcótica prescrita no Brasil e que responde por 90% das vendas, sendo comumente associada ao paracetamol.
Opioides semissintéticos
Os semissintéticos são produzidos por meio da modificação química da morfina. A metadona, usada no tratamento de dependentes químicos, e o zypeprol, utilizado contra a tosse, são exemplos desse tipo de substância. A heroína, proibida para uso médico, também é um tipo de semissintético.
Narcóticos sintéticos
Já os sintéticos são elaborados inteiramente em laboratório, replicando a estrutura química dos opioides naturais. Os analgésicos meperidina, propofixeno e fentanil são os principais medicamentos sintetizados.
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O que os opioides provocam?
Os opioides se ligam a proteínas receptoras nas células nervosas do cérebro, da medula espinhal, do intestino e de outras partes do corpo para bloquear as mensagens de dor. Embora tenham efeito analgésico, os opiáceos apresentam alguns riscos e podem causar dependência.
Entre os principais efeitos colaterais desses medicamentos estão a sonolência e a constipação. Em casos mais graves, essas substâncias podem causar respiração superficial, desaceleração da frequência cardíaca, perda de consciência e até morte por overdose. Os transtornos incluem, ainda, estados de abstinência, nervosismo, delírios e disfunção sexual.
Como os opioides causam dependência?
Quando os opioides são usados para controlar a dor crônica por um longo período, o cérebro pode entender que as substâncias são necessárias para a sobrevivência. À medida que os medicamentos são administrados, o organismo aprende a tolerar a dose prescrita, sendo necessária uma quantidade maior do fármaco para aliviar a dor. Esse aumento gradual pode resultar em dependência.
O diagnóstico de abstinência de opioides é realizado a partir de sintomas iniciais que incluem:
- agitação;
- ansiedade e irritabilidade;
- dores musculares;
- impulsividade;
- insônia;
- coriza;
- lacrimejamento;
- sudorese;
- bocejos.
As reações tardias são mais graves e podem abranger:
- cólicas abdominais;
- diarreia;
- pupilas dilatadas;
- calafrios;
- náusea;
- vômito.
Prescrição adequada pode prevenir vício
A prevenção da dependência de opioides pode ser realizada com a prescrição adequada desses medicamentos. As indicações terapêuticas dessas substâncias devem ser restritas a dores agudas e crônicas, além da desintoxicação de dependentes.
A medicação só deve ser prescrita após uma análise aprofundada que envolva a avaliação da dor, do quadro clínico e do histórico psicossocial do paciente, principalmente quanto às condições psiquiátricas e ao abuso de substâncias ilícitas.
As doses de opioides mais fortes são indicadas apenas após o uso de analgésicos mais fracos que não tenham causado o efeito desejado nos pacientes. A administração dos fármacos deve ser limitada a períodos curtos para evitar a dependência.
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Fonte: Associação Médica Brasileira (AMB), US Departament of Health and Human Services (HHS), Pebmed, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Bastos, F. et al. Rising Trends of Prescription Opioid Sales in Contemporary Brazil, 2009–2015 American Journal of Public Health (AJPH), 2018, Ministério da Saúde