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De acordo com uma publicação feita em maio de 2021, no jornal Clinical Infectious Diseases da Oxford University, do Reino Unido, uma onda de infecções respiratórias na Malásia, entre 2017 e 2018, foi causada por uma cepa do coronavírus que era transmitida por cachorros.
Os testes em laboratório ainda estão sendo realizados, mas tudo indica que esse seja o oitavo tipo de coronavírus já registrado capaz de infectar humanos. Apesar disso, ainda não há dados conclusivos sobre uma virose a nível pandêmico.
Entenda o que motivou a descoberta
Quando a covid-19 começou a ocupar os noticiários de todo o mundo, o epidemiologista Gregory Gray, da Duke University, na Carolina do Norte, sabia que o problema não era isolado.
Em 2002, um vírus da mesma família, o Sars-CoV, foi transmitido a humanos por civetas, pequenos mamíferos que vivem nas florestas asiáticas próximo à Malásia. E, em 2012, outro coronavírus, o Mers, foi transmitido por camelos no Oriente Médio.
Se a frequência desses casos se mantiver, isso significa uma coronavirose com potencial pandêmico a cada década. E não são apenas vacinas que fazem falta nesses momentos: testes diagnósticos também costumam ser disputados.
Por isso, Gray fez um desafio a alguns estudantes no início de 2020: desenvolver um teste de amplo espectro para detectar uma série de coronavírus, um instrumento que poderia ser útil a longo prazo.
Além do Sars-CoV-2, responsável pela covid-19, a ferramenta diagnóstica desenvolvida pelo graduando Leshan Xiu foi capaz de identificar uma cepa específica em pessoas internadas na Malásia que, ao que tudo indica, teve a sua origem proveniente de um cão.
Coronavírus canino foi transmitido a seres humanos
Batizado como CCoV-HuPn-2018, o microrganismo foi encontrado em oito malaios internados com pneumonia entre 2017 e 2018 em um hospital na cidade de Sarawak. Isso significa que 2,5% dos casos eram referentes a essa virose. De acordo com a pesquisa, “a maioria dos pacientes eram crianças que viviam em áreas rurais com exposição frequente a animais domésticos e vida selvagem”.
O índice é considerado tão alto que, quando o estudante encontrou essa resposta no instrumento desenvolvido a pedido de Gray, aluno e professor foram tomados por uma dose de ceticismo. Por isso, enviaram o material à virologista Anastasia Vlasova, da Ohio State University, que tem expertise em coronavírus em animais.
Vlasova desconfiou dos resultados, já que não havia na literatura da área qualquer evidência de um coronavírus canino transmitido para humanos. Por isso, decidiu reativar o vírus em laboratório e sequenciar o seu material genético. Após isso, constatou-se características presentes nos dois tipos de Sars-CoV, de 2002 e 2019, o que explicaria como ele foi capaz de ser transmitidos dos cães para os humanos.
A descoberta serve como alerta para a comunidade científica, que deve se preparar para possíveis novas pandemias nas próximas décadas.
Fonte: NPR, Academic UOP.