“As medidas de controle de circulação devem ser tiradas lentamente e com cuidado. Não pode acontecer de uma só vez”, afirmou o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom, em entrevista coletiva realizada no dia 13 de abril.
As recomendações são direcionadas a países que pretendem relaxar as medidas do isolamento social, após um relativo controle sobre o avanço da covid-19. Em vista disso, a OMS listou alguns critérios que os governos devem levar em conta antes de decretar o fim da quarentena, para evitar que a doença volte a avançar agressivamente em seus territórios.
Os critérios da OMS para o fim do isolamento social
Em primeiro lugar, a transmissão local da covid-19 deve estar controlada. Depois, o sistema de saúde local deve ter capacidade para detectar, testar, isolar e tratar novos casos de infecção pelo novo coronavírus.
Também devem ser adotadas medidas preventivas em locais onde as pessoas precisam ir, como escola e trabalho, ou que demandem cuidados especiais, como casas de repouso e instalações de saúde.
Além disso, a OMS levanta a necessidade de cuidados com a possível importação de casos de países onde a pandemia da covid-19 não está tão controlada. Para isso, podem ser necessárias medidas de restrição em fronteiras e quarentena para pessoas vindas de outros territórios.
Por fim, a entidade também reiterou que as pessoas nos países que relaxarem o isolamento social devem estar engajadas e conscientes para se ajustar a uma nova forma de vida, mantendo rotinas de higiene e distanciamento físico.
“Teremos de ter esses comportamentos adaptados em termos de higiene pessoal e distanciamento físico por um longo tempo”, afirmou o diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan.
O diretor também afirmou que o uso de máscaras é importante, mas deve ser visto como parte de uma estratégia mais abrangente, de acordo com os critérios definidos pela OMS, não como uma alternativa única e simples para o isolamento social.
Os seis critérios para o fim da quarentena foram anunciados pela OMS em entrevista coletiva com as principais lideranças da entidade, no dia 13 de abril. A entidade afirmou que publicará uma cartilha detalhando-os ainda na mesma semana.
Países criam cronogramas para fim gradual do isolamento
Entre os governos que pretendem flexibilizar as medidas de isolamento social estão os da Áustria, Noruega e Dinamarca. De maneiras diferentes, as autoridades desses países afirmaram que a pandemia da covid-19 está controlada dentro de suas fronteiras, o que torna uma volta à normalidade possível.
Contudo, todos eles parecem estar em sintonia com as recomendações da OMS e estão criando cronogramas para um fim gradual da quarentena, entre os meses de abril e maio. “Vamos viver com muitas restrições por muitos meses”, disse a primeira-ministra norueguesa, Mette Frederiksen.
As medidas para conter os avanços da covid-19 continuam sendo essenciais já que o novo coronavírus avança muito rápido e desacelera lentamente, além de ser dez vezes mais mortal do que o vírus que causou a H1N1, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Em vista disso, Ryan afirmou: “Você não pode substituir uma quarentena por ‘nada'”.
Diferenças entre países dificultam isolamento, diz OMS
Ao longo da entrevista coletiva, Adhanom ponderou que, enquanto alguns países estão estudando o fim ou o relaxamento das medidas de isolamento social, outros estão justamente pensando em introduzi-las.
De acordo com dados da OMS divulgados pelo Estadão, até 14 de abril havia mais de 1,9 milhão de casos de covid-19 em todo o mundo, com 122 mil mortes, sendo que mais de 190 países já registraram algum caso da doença em seus territórios.
Nesse cenário plural, Adhanom afirma que cada governo deve avaliar sua situação e encontrar o equilíbrio entre as medidas de isolamento social e os possíveis impactos econômicos que podem ser gerados em cada país.
O diretor-geral da OMS reconhece que as mesmas estratégias adotadas em países de alta renda podem ser difíceis de implementar em regiões mais pobres, por conta da escassez de recursos e do pouco acesso à Saúde das pessoas nesses locais. “Como você sobrevive a um lockdown quando depende de seu trabalho diário para comer?”, questionou Tedros Adhanom.
Fontes: OMS, Estadão.