Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
Pouco mais de um ano após a sua chegada ao Brasil, até 22 de março de 2021, o novo coronavírus, de acordo com o painel de acompanhamento oferecido pelo Google Notícias, contaminou mais de 12 milhões de pessoas no País e causou mais de 295 mil mortes. Enquanto campanhas de vacinação, ativas no mundo inteiro, avançam lentamente, a prevenção é a melhor arma contra o microrganismo.
Não existem, até o momento, tratamentos específicos eficazes para pacientes com covid-19, doença pela qual o Sars-CoV-2 é responsável. Ainda assim, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras em locais públicos, higienização constante de mãos e ambientes, bem como cuidados com a saúde são capazes de conter infecções. Mesmo os habitantes já vacinados (mais de 11,7 milhões até 20 de março) devem se precaver para evitar o surgimento de novas variantes, mais resistentes.
Se, por um lado, há aqueles que correm o risco de desenvolverem a condição pela primeira vez – sobrecarregando ainda mais os sistemas de saúde já colapsados –, por outro, há mais de 10,6 milhões de pessoas em território nacional que se recuperaram e, por isso, desenvolveram imunidade.
Um trabalho publicado no periódico científico Nature, desenvolvido pela Universidade Rockefeller, revela que cerca de 90% dos participantes da pesquisa – identificados a partir de 250 amostras de sangue de 188 homens e mulheres que sobreviveram à covid-19 – continuaram apresentando anticorpos contra o Sars-CoV-2 entre seis e oito meses após os primeiros sintomas da doença.
De todo modo, o estudo faz um alerta: devido ao desconhecimento dos elementos necessários para uma defesa imunológica eficaz, não se atesta que esse público esteja livre de problemas futuros.
Prevenção é o melhor remédio
Quando se busca informação a respeito do novo coronavírus, é necessário ficar atento quanto à origem de qualquer conteúdo e dar preferência a sites e entidades reconhecidos pela veiculação de materiais idôneos, que oferecem somente dados baseados em ciência e gerados por especialistas criteriosos.
Nesse sentido, deve-se desconfiar de notícias compartilhadas em redes sociais que prometem, em poucos passos, acabar com uma doença que é, muitas vezes, fatal. Algumas delas, inclusive, oferecem receitas caseiras que supostamente eliminam o Sars-CoV-2 do organismo – a exemplo do consumo de líquidos quentes e gargarejos diversos.
Atenta ao cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que algumas preparações podem oferecer conforto e aliviar sintomas, nada mais do que isso, e a médica nutróloga Ana Luísa Villela explicou em matéria para o portal E+, do Estadão, que “alguns alimentos são capazes de fortalecer o sistema imunológico”, ou seja, apenas reforçam o conjunto de fatores que podem reduzir os impactos da doença no corpo humano.
Dentre as recomendações para manter a imunidade em dia, está investir em alimentação saudável regular, com itens ricos em vitaminas A e C, selênio, zinco, ferro e proteínas, bem como na higienização dos produtos adquiridos. No mais, exemplar algum proporciona efeitos instantâneos.
Ações combinadas
Em 28 de fevereiro, 46 entidades médicas assinaram um manifesto para apoiar e reforçar a necessidade do uso de máscara como instrumento de combate ao novo coronavírus, assim como a adoção de ações para contenção da pandemia da covid-19, incluindo o distanciamento físico, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal e a higienização das mãos.
Enquanto se discute o grau de proteção oferecido por acessórios de pano e cirúrgicos, soluções para locais ao ar livre e que permitem o isolamento, nos últimos meses vêm ganhando força nas redes sociais movimentos de divulgação sobre as máscaras PFF2, da sigla Peça Semifacial Filtrante — as mais indicadas em situações de maior risco de exposição ao vírus pela capacidade de filtragem e vedação que apresentam.
Por outro lado, estão disponíveis no mercado, também, as máscaras N95, restritas a quem está na linha de frente de combate à pandemia, que oferecem um fator de proteção a mais por limitarem a transmissão por aerossol — frequente em ambiente hospitalar.
Em um cenário no qual faltam remédios para covid-19 em diversos estados e a escassez de outros recursos é uma ameaça constante, reservá-las a médicos, enfermeiros e afins é uma maneira de garantir a integridade dos que cuidam de outros.
Aliás, reaproveitar máscaras N95 é uma possibilidade quando se é preciso restringir a quantidade utilizada e estender suas funcionalidades até que reposições sejam realizadas – uma ação não indicada, entretanto, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que afirmou em nota: “Nunca se deve tentar realizar a limpeza da máscara N95 ou equivalente, já utilizada, com nenhum tipo de produto”.
Ainda assim, ciente da realidade de hospitais e clínicas, a entidade complementa: “Excepcionalmente, em situações de carência de insumos e para atender à demanda da epidemia da covid-19, a máscara N95 ou equivalente poderá ser reutilizada pelo mesmo profissional, desde que cumpridos passos obrigatórios para a retirada da máscara sem a contaminação do seu interior”.
Dos métodos de descontaminação testados pela comunidade científica, quatro deles se destacam, mesmo que aumentem o número de usos em no máximo três vezes. São eles: exposição ao peróxido de hidrogênio vaporizado (PHV), à luz ultravioleta (UV) e ao calor seco (70°C) – que funciona apenas duas vezes.
Deve-se salientar, contudo, que se tratam de técnicas que exigem equipamentos específicos e cuidados extras. Por fim, a limpeza com spray de etanol a 70% inutiliza a funcionalidade de máscaras N95 e não deve ser aplicado. Além disso, em algum momento, elas devem ser descartadas – o que as torna ainda mais valiosas aos profissionais de saúde, totalmente dependentes de seu uso para darem continuidade a seus trabalhos.
Leia também:
- Como descobrir se uma máscara N95 é original
- Fiocruz começa produção de vacina contra covid-19 no Brasil
- Impactos da covid-19 em pacientes com doenças raras
Combatendo a covid-19
O número de casos não para de aumentar, e o Brasil, em 22 de março, bateu o 24° recorde consecutivo de média de mortes pelo novo coronavírus. Portanto, mais do que entender como evitar a contaminação, é essencial saber como agir se a doença chegar até você ou atingir alguém de sua família. As orientações abaixo seguem as diretrizes do Ministério da Saúde.
Primeiramente, é preciso respeitar o isolamento por 14 dias, tanto o infectado quanto aqueles que com ele tiveram contato. Esse período deve ser reiniciado sempre que alguém do convívio manifestar sintomas de covid-19, como febre, tosse seca e dores no corpo. Além de isolar a pessoa em um cômodo, é preciso separar itens de uso pessoal, higienizando-os frequentemente com água sanitária ou álcool 70%.
Caso os sintomas se agravem de forma simultânea, levando a dificuldades para respirar, é preciso procurar um hospital. Cerca de 20% dos contaminados precisam de internação para o tratamento da condição e de acompanhamento de perto para garantir maior agilidade aos procedimentos necessários à recuperação. Avaliações diversas é que determinam a ida do paciente a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), reservada àqueles que demandam mais atenção de especialistas.
Dispneia, fadiga intensa, taquipneia e dessaturação, destaca o professor Antônio Falcão, responsável pela disciplina de Fisiologia e Metabologia Cirúrgica na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), são sinais que indicam agravamento do quadro do paciente. Além destes, outros sintomas são: frequência respiratória acima de 24 irpm (incursões respiratórias por minuto), saturação de oxigênio menor ou igual a 93% e choque séptico, que pode evoluir para pressão arterial baixa (menor do que 9×6) ou disfunção renal com oligúria.
Mais obstáculos
Dados divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),em boletim emitido em 16 de março, alertavam que 24 estados brasileiros e o Distrito Federal estavam com taxa de ocupação de leitos de UTI voltados ao atendimento de pacientes com covid-19 acima dos 80%, com 15 unidades da federação superando os 90%, resultando em filas de atendimentos de pessoas que nem sempre podem esperar.
“Trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil”, afirmaram pesquisadores da instituição. “Nesse contexto de crise e catástrofe, a necessidade de adoção rigorosa de ações de prevenção e controle continua se impondo, em um cenário onde o descontrole da pandemia parece se alastrar”, eles complementaram.
Por fim, outra situação preocupante aparece: o uso do chamado kit covid. Este combina medicamentos comercializados como preventivos, mas na verdade são ineficazes contra a doença e geram efeitos preocupantes, que vão além da possibilidade de contaminação pela falsa sensação de proteção que causam nas pessoas.
Hepatite medicamentosa, hemorragia e insuficiência renal, cólicas, diarreia, fortes dores abdominais e hemorragia gástrica são alguns deles, somados à demora de alguns pacientes infectados na procura de auxílio, que se apresentam a hospitais somente em estado gravíssimo.
“A partir do momento que essas medicações passam a ser usadas por milhões de pessoas, esses efeitos, mesmo que raros, começam a aparecer com mais frequência. Quando a gente prescreve um medicamento é porque os benefícios são maiores do que os riscos. Se esses remédios não têm nenhum benefício contra a covid-19, todo efeito colateral é em vão”, afirmou o médico Valmir Crestani Filho, nefrologista do Hospital das Clínicas da USP, em entrevista ao Estadão.
Todo cuidado é pouco
O Summit Saúde Brasil reforça: evitar aglomerações, usar máscara facial e higienizar ambientes, superfícies e mãos, além das vacinas (ainda não disponíveis a toda a população), são os únicos métodos dos quais dispomos para evitarmos infecções.
Ao notar sintomas, acompanhe a evolução e procure um hospital caso se agravem. Cuide de sua saúde também no dia a dia, por meio de alimentação e sono adequados. O seu organismo agradece.
Fonte: Estadão.