Considerados vilões, causadores de diversas doenças, como gripe, febre amarela e poliomielite, os vírus começaram a ganhar protagonismo sendo possíveis “mocinhos”. De acordo com um estudo divulgado pela Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), pode existir um vírus “bom” em nosso organismo.
Foi descoberto que as bactérias do intestino têm o próprio microbioma (nome dado a todos os micro-organismos que residem no organismo) com a presença de vírus que recebem o nome “bacteriófagos”.
Como os vírus podem ser bons?
Mark Young, virologista da Montana State University, diz que até então esses vírus eram ignorados, pois a prioridade de estudo é dada aos vírus que causam doenças, e esses fagos (vírus que infectam apenas bactérias) não parecem causar problemas.
Ele complementa afirmando que estão revertendo isso e que, em vez de estudarem os vírus como causadores de doenças, estão começando a analisar seu possível papel na promoção da saúde. No entanto, Young deixa bem claro que a suposição de que os vírus podem ajudar a manter as pessoas saudáveis ainda é especulação. Não há nada comprovado sobre essa questão.
A opinião de outro especialista
De acordo com publicação da Houston Public Media (a mídia a serviço da University of Houston), Jonathan Eisen — microbiologista na University of California — diz que apesar de ser “legal” essa possível descoberta, os pesquisadores não analisaram amplamente toda a população. Ele cita como exemplos a população indígena, grupos de diferentes idades e gêneros, e complementa dizendo que o que cada pessoa come também deve ter influência nesses vírus.
Ele também reforça que isso ainda não foi estudado em detalhes e que alguns cientistas têm suspeitas de que os bacteriófagos conseguem determinar e escolher quais bactérias ficam e quais não ficam no intestino. Segundo o especialista, os bacteriófagos são assassinos potenciais. Além disso, eles podem controlar uma bactéria e fazer cópias do vírus, depois sair da célula e matá-la. Dessa forma, eles podem agir tanto para proporcionar saúde quanto para prejudicá-la.
A terapia de fago
No Medical News Today, um ponto interessantes sobre esse assunto foi abordado. Segundo esse periódico, há estudos antigos sobre os bacteriófagos, que datam das décadas de 1920 e 1950. Nesses estudos, que ganharam o nome “Terapia do Fago”, cientistas investigaram a possibilidade de os fagos serem usados para tratar infecções bacterianas, uma vez que são eles são ágeis em destruir patógenos humanos.
Na época, descobriram que a terapia fágica não somente era eficaz como também não tinha efeitos colaterais. No entanto, a descoberta dos antibióticos, uma revolução na época, fez com que as pesquisas ficassem de lado. Isso até agora, pois com a tecnologia que se tem atualmente e o problema da resistência de bactérias a antibióticos, a terapia fágica pode voltar a ter espaço nas pesquisas.
Fontes: Medical News Today, New Scientist, Blue Ridge Public Radio, PNAS, Houston Public Media.