Em meio à pandemia de coronavírus que assola o planeta desde o fim de 2019, eis que surge o verdadeiro mal do universo no século 21: as fake news (notícias falsas). Com o aumento da utilização de recursos tecnológicos em todos os campos da sociedade, a internet se tornou um meio de comunicação muito valioso, mas também muito traiçoeiro.
A proliferação de conteúdos incorretos ou mal intencionados tem sido um problema frequente sobretudo na área da saúde. Especificamente na temática de vacinação, existe um grande temor entre as autoridades de saúde acerca da quantidade de pais que deixaram de vacinar os filhos por conta de boatos sobre falsos riscos causados pelos imunizantes.
Além dessa corrente de pensamento poder gerar um grande caos na saúde pública, como crescimentos exponenciais no número de casos de sarampo e de poliomielite nos últimos anos, é extremamente maléfica para a atual pandemia. Sendo assim, cabe aos médicos darem o primeiro passo para combater as fake news.
Fake news sobre vacinas
Recentemente, um vídeo de uma suposta médica explicando as ações das vacinas criadas para tratar a covid-19 viralizou nas redes sociais e criou um enorme receio nos internautas mais desatentos. A pessoa afirma que os imunizantes têm capacidade de mudar o DNA humano e contêm microrrobôs programados para roubar dados biométricos.
Apesar de o conteúdo soar completamente absurdo e já ter sido desmentido por algumas das agências de checagem de informações mais renomadas do País, como a Agência Lupa, esse tipo de dado pode gerar medo em relação à confiabilidade dos processos científicos entre aqueles que não têm costume de conferir a veracidade dos fatos.
Todas as vacinas são desenvolvidas com um único objetivo: despertar ou acelerar a produção de anticorpos no organismo contra determinado patógeno. Além disso, todos os imunizantes precisam passar por uma série de testes clínicos internacionais e, no Brasil, ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Riscos das fake news na saúde
Mesmo sem uma vacina para covid-19 ter sido de fato lançada ao mercado, o aumento de notícias falsas a respeito desse tema já tem causado problemas em diversos países, e o principal motivo apontado é a desinformação. De acordo com uma pesquisa recente feita pelo Datafolha, cerca de 9% dos brasileiros não pretendem receber qualquer tipo de imunizante.
O número é ainda mais preocupante quando colocada em perspectiva a parcela da população que em momento algum respeitou as medidas de prevenção orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a pandemia. Entre os indivíduos que não fizeram uso de máscaras ou de isolamento social, 25% não têm a intenção de se vacinar.
Qual é o impacto real disso? Em um país com proporções continentais, como o Brasil, 9% da população representa uma enorme quantidade de pessoas. Quanto mais indivíduos se recusarem a receber doses da vacina para Covid-19, maiores serão as chances de o vírus continuar circulando pelas ruas e prosseguir gerando danos aos cidadãos e aos sistemas de saúde.
Como médicos podem combater as fake news?
Na área da saúde, os médicos têm influência direta na luta para frear a disseminação de notícias falsas. Além de serem qualificados para produzir conteúdo científico e contribuir para a comunidade, os profissionais da medicina costumam ser respeitados dentro de seus consultórios. Dessa forma, fica a cargo de médicos e enfermeiros não só cumprir seus papéis como cidadãos, mas também orientar os pacientes a consumir informações de fontes confiáveis, por isso é importante pautar alguns tópicos durante esse diálogo:
- perigos de sites sem fontes de informação confiáveis ou referências acadêmicas;
- publicações antigas usadas como conteúdo atual;
- adulteração ou discrepância de dados e estatísticas.
A transparência na relação entre médico e paciente pode ser um fator-chave para combater os movimentos antivacina e diminuir a desconfiança e o desconhecimento da população a respeito dos processos científicos. O combate às fake news se torna tão importante quanto a luta contra a covid-19.
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Fonte: Agência Lupa, Sanar Medicina, Ipemed, Conasems, Estadão, Datafolha.