No dia 20 de fevereiro é celebrado, pelo Ministério da Saúde, o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. Nessa data, é necessário lembrar que o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas — lícitas ou ilícitas — se torna uma questão de saúde pública quando estabelecida uma relação de dependência química com o usuário; ou seja, vai além do uso moderado e recreativo ou está relacionado ao tráfico.
Em agosto de 2019, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um relatório após pesquisa realizada com o objetivo de estimar e avaliar os parâmetros epidemiológicos do uso de drogas no Brasil. O estudo contou com a parceria de instituições renomadas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Uso excessivo de álcool
Apesar de venda e/ou fornecimento de álcool para menores de idade ser tipificado como crime, a pesquisa apontou que 34% dos indivíduos menores de 18 anos já consumiram álcool na vida, sendo que 5% — cerca de um milhão de adolescentes — deles reportaram consumo excessivo, que pode ser considerado como dependência.
Já em relação à escolaridade, a maior incidência é apontada entre as pessoas com “ensino superior completo ou mais”, indicando que 20,4% dos entrevistados nesse segmento fazem uso excessivo de álcool. Quando consideradas as faixas etárias, a maior incidência da dependência alcoólica se dá entre os 25 a 34 anos — 23% fazem uso excessivo da bebida.
Drogas ilícitas
O estudo projeta que 9,9% da população tenham consumido drogas ilícitas em algum momento da vida. A maior incidência é percebida entre os homens — 15% já consumiram drogas ilícitas, enquanto entre as mulheres a incidência é de 5,2% —, sendo 16 anos a idade média em que se dá o primeiro consumo para ambos os gêneros.
A pesquisa da Fiocruz detalhou também que as drogas ilícitas com maior prevalência foram a maconha, a cocaína em pó, os solventes e a cocaína fumável. O estudo apresentou padrões de consumo, indicando grupos heterogêneos e facilmente discerníveis: substâncias com prevalência moderadamente elevada na população, como a maconha; substâncias utilizadas em geral por dependentes, como o crack; e substâncias de uso esparso, como a heroína.
Prevenção
As ações preventivas devem ser planejadas e direcionadas para o desenvolvimento humano, o incentivo à educação, a prática de esportes, a cultura, o lazer e a socialização do conhecimento sobre drogas, com embasamento científico.
Em relatório divulgado pela BVS-APS, que reúne o Ministério da Saúde e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, as estratégias de prevenção devem ser divididas em três níveis:
- prevenção primária: para evitar ou retardar a experimentação de drogas;
- prevenção secundária: focada em indivíduos que já experimentaram, visa evitar a evolução para dependência;
- prevenção terciária: feita por profissional da saúde, a fim de tratar a dependência.
Tratamento
Com abordagem similar nos diversos tipos de dependência de substâncias psicoativas, segundo a BVS-APS, o trabalho dos profissionais de saúde no âmbito de atenção primária à saúde precisa seguir alguns princípios básicos para o estabelecimento de um bom vínculo terapêutico. A abordagem inicial deve primar por questionamentos abertos, isentos de preconceitos e confrontos, de forma a permitir que o usuário reflita sobre sua situação.
Ainda que com abordagem parecida, na avaliação clínica inicial é necessário identificar o padrão e o tipo de substância utilizada pelo dependente, bem como checar se já houve tratamento anterior, entender o histórico familiar e realizar o exame do estado mental.
É importante lembrar que quem necessita de tratamento devido ao abuso de álcool e outras drogas pode ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um direito universal à saúde garantido pela Constituição Federal. Para isso, o paciente deve procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (CAPS AD).
Fontes: Ministério da Saúde, Fiocruz, BVS-APS, IMIP.