Em todo o mundo, os sistemas de saúde público e privado foram demandados de forma inédita pela pandemia do coronavírus. Diante de um contágio com aceleração geométrica, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tiveram de suportar um ritmo impressionante de pacientes graves. Prova disso são os números do controle epidemiológico, que assustam pela escala: apenas entre os casos notificados, há mais de 800 mil óbitos e 15 milhões de pessoas recuperadas da doença ao redor do mundo.
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Essa necessidade tem reforçado diante da agenda pública a importância da estruturação da atenção terciária em saúde e do papel cumprido pelo corpo de enfermagem, assim como pelos médicos que atuam na área intensiva. Mas há um profissional que nem sempre é lembrado: o fisioterapeuta.
As particularidades da atenção do fisioterapeuta nesse tipo de condição, que exige monitoramento constante e apresenta um nível de complexidade atípico, levam esses profissionais a fazerem residência e se especializarem como intensivistas.
Reabilitação pulmonar
Todo paciente internado em UTIs necessita de cuidados especiais com a função pulmonar. Isso ocorre porque a posição típica do acamado pode contribuir com o acúmulo de secreção na cavidade torácica, que comprime os órgãos e causa um fenômeno chamado pneumotórax, em que a capacidade cardiorrespiratória fica comprometida.
Isso é especialmente observado em pacientes que precisam de técnicas ventilatórias, como oxigenoterapia, assistência mecânica invasiva e, nos casos mais graves, intubação. Quem é acometido pela covid-19 pode ter hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue arterial), portanto a suplementação de oxigênio é um protocolo recorrente.
Quando ocorre intubação, por exemplo, método mais interventivo entre as possibilidades citadas, o fisioterapeuta acompanha os “7 pês” do processo: preparação, pré-oxigenação, pré-tratamento, paralisia com indução, posicionamento, passagem do tubo com verificação da posição e manejo pós-intubação. Isso mostra como o profissional tem sido decisivo na reabilitação pulmonar dos pacientes durante a pandemia.
Mesmo nos casos menos severos, é possível que o organismo tenha ainda sintomas aparentes, mas esteja comprometido. Por isso, o fisioterapeuta cumpre um protocolo organizado que passa por conferir a oximetria de pulso, a saturação periférica de oxigênio e o exame de gasometria arterial. É a partir dessas informações que a conduta médica é definida.
Reabilitação motora
Outra preocupação recorrente no caso dos pacientes internados sob cuidados intensivos é o conjunto de funções motoras, o que também torna o fisioterapeuta fundamental à estratégia de cuidado. O profissional auxilia no fortalecimento da musculatura esquelética, na redução da perda de massa muscular e na atenuação dos sintomas cardiorrespiratórios, especialmente comuns em pacientes com covid-19.
Portanto, quando um paciente com quadro compatível com coronavírus chega à UTI, o fisioterapeuta opera uma série de técnicas de mobilização precoce para evitar complicações. Um exemplo é o ortostatismo: quando o quadro clínico permite, levanta-se a cabeceira da cama para que o paciente sente por cerca de meia hora, três vezes por dia, pois isso auxilia na função cardiorrespiratória.
Outro exemplo bastante usado é o método de pronação, uma técnica em que se maneja o paciente de forma a deixá-lo no leito de bruços. Isso evita o acúmulo de secreção na base do pulmão e também melhora a função cardiorrespiratória.
Por esse conjunto de fatores, além de médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos e outros profissionais, o fisioterapeuta cumpre uma tarefa central na reabilitação dos pacientes com covid-19.
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Fontes: SES DF e Previva