Um estudo desenvolvido pelo Centro de Câncer da Virginia Commonwealth University (VCU), nos Estados Unidos, tem trazido esperança para o desenvolvimento de novos tratamentos para pacientes de câncer com metástase no cérebro.
De acordo com o documento, aproximadamente 200 mil pessoas sofrem desse problema todos os anos, mas a falta de informações sobre a propagação dos tumores na região cerebral é responsável pela existência de poucos tratamentos efetivos.
Publicado na revista Cancer Cell, o trabalho conduzido pela cientista Suyun Huang, da VCU, trouxe novas informações sobre o gene chamado de YTHDF3, o qual exerceria um papel fundamental no desencadeamento das metástases. Em sua descoberta, Huang ressaltou que o gene está diretamente ligado às baixas chances de sobrevivência de um enfermo, sobretudo em casos de câncer de mama, e também à atuação em diversas etapas na replicação da doença pelo organismo humano.
Desenvolvimento de tratamentos
“Esse estudo pode servir como um marco para ajudar médicos a diagnosticar precocemente metástases no cérebro, assim como também fornecer um caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos a fim de prevenir e tratar essa doença”, afirmou Suyun sobre sua pesquisa.
De acordo com a equipe de cientistas da VCU, em casos de metástase de um câncer de mama, as pacientes apresentam um maior número de cópias do gene YTHDF3 do que nos estágios iniciais da doença. Segundo o estudo, uma maior quantidade de cópias genéticas YTHDF3 no DNA de um tumor derivado de outro câncer demonstra que mutações ocorreram enquanto as células cancerígenas se multiplicavam e se espalhavam pelo organismo.
Pensando nisso, os pesquisadores utilizaram diferentes tipos de técnicas para traçar o perfil do gene, podendo assim desvendar como ele facilita os processos-chave para o surgimento de metástases no cérebro por meio da interação de suas proteínas com o microambiente cerebral.
Por fim, o experimento demonstrou que o YTHDF3 contribui para a expressão de diversos outros genes conhecidos por impulsionar o desenvolvimento de tumores, como é o caso dos genes ST6GALNAC5, GJA1, EGFR e VEGFA.
Em laboratório, os camundongos testados sem o gene YTHDF3 apresentaram maiores taxas de sobrevivência e resistência ao desenvolvimento de metástases cerebrais.
Câncer de cérebro
O tumor metastático, ou tumor cerebral secundário, ocorre quando o câncer tem origem em outro órgão do corpo e se espalha pelo corpo até chegar na região do cérebro.
Em casos de câncer de pulmão, por exemplo, algumas células cancerígenas oriundas das lesões causadas pela doença podem parar na corrente sanguínea e assim “viajar” pelo organismo.
Conforme os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 4% das mortes por câncer no Brasil são de pacientes com tumor no cérebro. Além disso, de todos os casos de metástase no País, 25% são de tumores com origem em outras partes do corpo que vão parar na região cerebral.
Estima-se que de 9% a 17% das pessoas com algum tipo de câncer primário desenvolverão um câncer no cérebro, de acordo com os dados apresentados pela Brainlab (empresa de desenvolvimento de tecnologias para o tratamento de câncer no órgão).
Riscos e sintomas
São três os tipos de câncer primário com maior incidência de desenvolvimento de metástase no cérebro: pulmão (30% a 60%), mama (10% a 30%) e melanoma (5% a 21%). Entretanto, isso não significa que outros tipos de tumor primário não possam eventualmente chegar até a essa região, fazendo os pacientes manterem-se sempre atentos ao surgimento de qualquer sintoma.
Os primeiros sinais ou sintomas de que um paciente com câncer pode estar desenvolvendo um tumor no cérebro vêm da capacidade cognitiva. Dessa forma, problemas de memória, atenção ou perda frequente de raciocínio podem servir como um indicativo de alerta.
Além disso, mudanças de comportamento, dificuldades para falar, problemas na função motora, fraqueza no corpo e até mesmo convulsões podem outros sintomas mais graves dessa enfermidade. Porém, o sintoma inicial mais frequente entre os pacientes são as constantes dores de cabeça.
Para a prevenção da doença, é indicado que pacientes com qualquer tipo de câncer primário façam exames de controle de rotina e busquem fazer exames de imagem se houver surgimento de qualquer sintoma neurológico. Em todo caso, a confirmação de metástase só pode ser realmente feita em laboratório por meio de comparação com as células do tumor inicial.
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Fonte: Dra. Raquel Zorzi, Minha Vida, Science Daily, BrainLab.