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Quimioterapia: que efeitos colaterais o paciente pode esperar?

O tratamento oncológico — seja por radio ou quimioterapia — provoca alterações em nível celular para conter a divisão descontrolada de células cancerígenas. Embora os medicamentos sejam desenvolvidos com a finalidade de atacar essas células, elas podem acabar atingindo também as saudáveis, causando efeitos colaterais. Entre as funções mais afetadas estão as dos sistemas digestivo e imunológico.

Contudo, esses efeitos, sentidos pelo paciente, e a extensão deles dependem muito do protocolo utilizado no tratamento e das doses de cada medicação. Além disso, a resposta do organismo de cada um pode variar, é claro. “A quimioterapia é um tratamento muito amplo e há uma centena de medicamentos e combinações que podem ser feitos. Muitas vezes, o efeito colateral que afeta uma pessoa não é o mesmo de outra”, explicou Solange Sanches, oncologista do Hospital AC Camargo, em entrevista ao portal dainstituição.

Por isso, se um paciente deseja saber quais efeitos colaterais ele deve esperar, o ideal é conversar com a equipe médica ou procurar meios de atenuar esses problemas; afinal, mesmo que a quimioterapia seja um tratamento complexo, é possível ter qualidade de vida durante sua administração.

(Fonte: Shutterstock)

Os efeitos colaterais mais comuns e como lidar com eles

Náuseas ou vômitos

Falando especificamente de cada um dos sintomas mais comuns em pacientes que estão passando por um tratamento quimioterápico, as náuseas e os vômitos — como também outras alterações relacionadas ao sistema digestivo — estão entre eles.

Os enjoos costumam acontecer durante a sessão ou logo após seu término, mas podem aparecer até alguns dias depois. Para que eles ocorram menos, recomenda-se ao paciente que adote uma dieta equilibrada: fazer mais refeições leves ao longo do dia, evitar alimentos com cheiros ou sabores muito fortes, além de esperar pelo menos uma hora depois da quimio para se alimentar.

É comum que a pessoa sinta menos apetite, contudo, o ideal é que ela receba orientação profissional para se alimentar adequadamente e evitar outros problemas, como a anemia. Em alguns casos, podem ser adotadas dietas líquidas.

Queda de cabelo

Essa é uma questão que afeta principalmente a parte emocional e a autoestima. Porém, é importante observar que nem todos os medicamentos utilizados na quimioterapia causam a queda de cabelo. Por isso, o paciente precisa se informar com sua equipe médica e se preparar antes a fim de lidar com esse problema — perucas, lenços, chapéus e bonés são alguns artifícios que podem ser utilizados para isso.

A queda de cabelo costuma começar após a terceira ou quarta sessão do tratamento, podendo ocorrer de formas diferentes em cada paciente: aos poucos ou em chumaços. Por isso, é recomendável que o indivíduo corte ou raspe o cabelo antes que isso aconteça. Depois do tratamento, nada impede do cabelo crescer novamente. Uma vez que o paciente fica sem cabelo, é necessário proteger o couro cabeludo com a aplicação de filtro solar e o uso de acessórios na cabeça.

Infecções

Por fim, é necessário alertar os pacientes do maior risco de infecções que eles ficam expostos durante a quimioterapia. Isso porque os medicamentos agem diretamente na corrente sanguínea e afetam a produção de glóbulos brancos, diminuindo a imunidade das pessoas que estão realizando tratamento contra o câncer. Uma grave deficiência de glóbulos brancos é chamada de neutropenia e afeta cerca de metade dos pacientes em quimioterapia.

Por isso, eles precisam realizar exames de sangue frequentes, além de tomar uma série de outros cuidados diários, principalmente com a higiene. Por exemplo, é fundamental lavar sempre as mãos e limpar as superfícies ou objetos tocados pela pessoa com câncer. Os alimentos consumidos por ela também devem ser bem higienizados e cozidos corretamente. Recomenda-se evitar multidões e locais fechados, principalmente se os exames acusarem imunidade baixa.

(Fonte: Shutterstock)

Efeitos da quimioterapia a longo prazo

Embora os sintomas descritos acima sejam os mais frequentes, podem ocorrer outros efeitos colaterais decorrentes do tratamento, como dores, fadigas e alterações no sistema nervoso central (fazendo com que os pacientes sintam tremores, tonturas ou formigamentos). Com o fim do tratamento, todos os efeitos colaterais tendem a diminuir.

Contudo, alguns pacientes podem sentir algumas alterações causadas pela quimioterapia meses ou até anos depois do fim do tratamento. São os chamados efeitos tardios. Por isso, é comum que os profissionais continuem acompanhando o indivíduo mesmo após a remissão do câncer, monitorando esses possíveis efeitos a longo prazo.

Outra alteração que pode ocorrer devido a quimioterapias mais pesadas diz respeito à fertilidade. Nesse caso, tanto os homens podem congelar seu sêmen quanto as mulheres podem armazenar seus óvulos.

Para as mulheres, é necessário ter certeza de que os óvulos ainda não foram afetados pela doença e estão saudáveis no momento da retirada. Além disso, recomenda-se tomar medidas para evitar uma gravidez. Por fim, deve-se levantar a possibilidade de que aquelas que passam por quimioterapia podem ter a menopausa adiantada, principalmente quem tem uma reserva ovariana menor.

De qualquer forma, a melhor conduta — antes e depois do tratamento — deve ser analisada em cada caso, considerando fatores como a condição de saúde e o histórico do paciente, além de sua resposta à quimioterapia, é claro. Os pacientes e suas famílias podem ser reconfortados ao saber que os tratamentos melhoram cada vez mais, causando menos incômodos, e que é possível amenizar bastante os efeitos colaterais se as orientações da equipe médica forem seguidas.

Fonte: Hospital de Câncer de Barretos, Instituto Oncoguia.

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