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Como funciona o teste para detectar o novo coronavírus?

Homem analisando amostra de exame do coronavírus

O controle da pandemia causada pelo Sars-CoV-2 depende diretamente de testes laboratoriais realizados para identificar a contaminação por esse vírus. Com isso, eles auxiliam no planejamento dos procedimentos a serem adotados tanto pelo paciente quanto por familiares, pessoas próximas, instituições de saúde e outros envolvidos. Por isso, é importante entender como funcionam e qual é o nível de eficácia de seus resultados.

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Carlos Eduardo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, em podcast do Conselho Federal de Medicina, explicou um pouco a interpretação dos principais exames utilizados para diagnóstico da doença: “De forma didática, separo em dois grandes grupos. O primeiro deles é um grupo de testes que identifica diretamente o RNA viral, o Sars-CoV-2. O segundo grupo identifica a presença dos anticorpos, que podem ser das classes IgA, IgG, IgM e totais”.

Testes são fundamentais para o controle da pandemia da covid-19. (Fonte: Unsplash)

Identificação direta e RT-PCR

Segundo o especialista, quando se fala do primeiro grupo, o principal é o RT-PCR, sigla originada de uma técnica de biologia molecular chamada reação em cadeia da polimerase em tempo real. 

“É o teste padrão-ouro e indicado a partir do primeiro dia dos sintomas da doença”, complementou o pesquisador, dizendo ainda que as amostras utilizadas na análise são secreções de nasofaringe e orofaringe. “Vale a lembrança de que esse vírus pode ser recuperado também em outras amostras clínicas”, ele ressaltou.

Entre essas possibilidades, estão incluídos as amostras de fezes (apresentando boa sensibilidade para detecção), do lavado bronco-alveolar (ineficaz até então), do sangue, da urina, dos líquidos cavitários, entre outras. Como o nome sugere, o RT-PCR é baseado em diagnóstico molecular e tem uma taxa de sensibilidade de 90% quando aplicado em amostras de secreções de nasofaringe e orofaringe, destacou Carlos Eduardo. 

Entretanto, é preciso que o material seja colhido, armazenado e transportado adequadamente até o processamento final. “Normalmente, o laboratório que analisa o PCR por técnicas convencionais demora de 8 a 12 horas para processar uma amostra e disponibilizar o resultado”, ele explicou.

Para acelerar os procedimentos, já existem técnicas rápidas que, no Brasil, são chamadas de “testes laboratoriais remotos” e reduzem o período de conclusão entre uma e duas horas. Em seus laudos, existe a indicação de vírus detectados e não detectados. De acordo com Carlos Eduardo, a partir do primeiro dia de sintomas, o microrganismo fica detectável, em média de 14 a 21 dias no corpo do paciente infectado. “Porém, em alguns pacientes, foi recuperado em até 60 dias”, ele alertou.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, a grande polêmica em relação à identificação tardia do microrganismo tem a ver com a transmissão. Infelizmente, disse o pesquisador, o acesso ao exame no Brasil é restrito, e a capacidade produtiva dos laboratórios no país é muito pequena frente à grande demanda de testagem no território. 

Cada teste depende do tempo passado após o início dos sintomas. (Fonte: Unsplash)

Exames sorológicos e testes rápidos

No segundo grupo indicado pelo especialista, encontram-se os testes sorológicos, utilizados para identificar anticorpos produzidos pela resposta imune do organismo ao combater a covid-19. 

Ele afirmou: “Por se tratar de uma doença nova, a resposta imune ainda está sendo estudada. Para fins diagnósticos, esses testes são recomendados somente a partir do 7º dia do início dos sintomas, com período ideal de solicitação a partir do 10º dia.” Nesses casos, apontou Ferreira, a recomendação é dada porque a sensibilidade do exame é maior quanto mais tempo passa, reduzindo a possibilidade de resultados falsos-negativos.

“Assim que começamos a processar as amostras sorológicas no laboratório clínico, percebemos que os anticorpos das classes IgA e IgM, que buscam a doença ativa, apresentam sua detecção muito próximo ou de forma simultânea à detecção dos anticorpos da classe IgG, que identifica a cicatriz sorológica da doença. Com isso, a utilização dos anticorpos das classes IgA e IgM fica restrita à prática clínica”, explicou o especialista aconselhando a aplicação mais ampla da análise das demais.

Tais testes, que incluem os rápidos, auxiliam também na busca pela população imunizada, grupo de pacientes que não identificaram a doença na fase aguda. Qualidade e acurácia variam entre os kits, sendo que o desempenho indicado em bula não reflete, necessariamente, o real. Para contornar esse problema, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial criou uma avaliação da qual qualquer empresa que fabrique os testes pode participar.

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Fontes: CFM

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