De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar, em 2023, mais de 17 mil novos casos de câncer de colo do útero, uma proporção de 13,25 a cada 100 mil mulheres. Também chamado de cervical, é o terceiro mais predominante na população feminina, com exceção dos tumores de pele não melanoma, e um dos que mais causam óbitos, ocupando também a terceira posição. No mundo, foram mais de 500 mil casos em 2020, com 342 mil mortes.
HPV está associado a um grande número de casos de neoplasias
O mais prevalente dentre todos os agentes de transmissão sexual, o HPV — sigla em inglês para papilomavírus humano — atinge pele e mucosas (oral, genital ou anal), provocando verrugas e lesões. Possui mais de 150 variantes, que infectam mulheres e homens, e pelo menos 12 delas são consideradas oncogênicas — dentre as quais algumas são de alto risco —, associadas a 70% dos casos de câncer de colo do útero e outros, como de orofaringe, boca, ânus, pênis, vagina e vulva.
Entretanto, existem formas de prevenção, e a vacina é uma delas. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nova recomendação, orientando a aplicação de apenas uma dose da vacina contra o HPV. A decisão foi tomada após estudos do órgão realizado pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (Sage), que comparou a eficácia do protocolo antes determinado, de duas ou três doses, com os resultados de uma única dose, concluindo que a proteção é equivalente.
Medida amplia cobertura vacinal
A medida favorece, principalmente em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a ampliação da cobertura vacinal, que vem apresentando declínio. Até 2030, a OMS estabeleceu como meta a imunização de 90% das jovens aos 15 anos. Como medida complementar e preventiva, que aos 35 anos e aos 45, 70% das mulheres passem por exames de rastreio. No âmbito de diagnóstico já consolidado, que 90% estejam recebendo tratamento.
A nova recomendação ficou assim definida: para meninas de 9 a 14 anos, uma ou duas doses; para jovens de 15 a 20 anos, igualmente uma ou duas doses; e para mulheres com mais de 21 anos, duas doses com intervalo de seis meses.
Imunização do HPV no Brasil
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, ainda estão sendo aplicadas duas doses com intervalo de seis meses entre elas, previstas no Programa Nacional de Imunização (PNI), que define a política de vacinação no País. A pasta informou que acompanha o debate e aguarda novas pesquisas.
A vacina contra o HPV foi disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2014, para meninas de 9 a 13 anos. Em 2017, a faixa foi ampliada para os 14 anos e foram incluídos meninos de 11 a 14 anos. Também integram o público que deve ser imunizado pacientes com HIV, transplantados e oncológicos que tenham entre 9 e 45 anos, faixa de idade aumentada em 2022. Maiores de 15 anos recebem três doses.
O imunizante utilizado é quadrivalente, que oferece proteção contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11), responsável por 90% das verrugas genitais, e de alto risco (tipos 16 e 18), que tem relação com o câncer de útero e lesões pré-cancerosas.
Atenção para a prevenção do HPV
Além da vacina, especialistas recomendam, como prevenção, o uso de preservativo e consulta ao ginecologista para a realização de um exame preventivo, conhecido como Papanicolau, que também identifica outras doenças, como gonorreia, clamídia e sífilis, a partir da coleta de células para análise microscópica.
Fonte: Inca, Febrasgo, Nações Unidas Brasil, Ministério da Saúde, MS