A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença tão rara quanto perigosa. Ela atinge os neurônios motores no cérebro e na medula espinhal, e evolui de forma progressiva e degenerativa. Esses neurônios são responsáveis por transmitir impulsos nervosos para os músculos, para que assim eles possam realizar o movimento. No Brasil, são registrados menos de 15 mil casos anualmente.
Essa condição ficou muito famosa por ter afetado o físico Stephen Hawking durante 55 anos, algo extremamente incomum, já que os doentes costumam ter sobrevida entre três e 10 anos.
É muito complicado entender as causas da ELA, já que apenas cerca de 10% dos casos está relacionado à herança genética. Os outros 90% são desconhecidos, e a doença pode aparecer em qualquer idade ao longo da vida, apesar do risco ser maior após os 40 anos. O que se sabe é que a condição afeta principalmente pessoas do sexo masculino, e infelizmente não tem cura. Mas, estudos recentes sugerem que pode existir uma relação do aumento nos casos da doença com as condições climáticas.
Sintomas
A esclerose lateral amiotrófica surge lentamente. Pouco a pouco, o paciente sente que seus músculos ficam fracos e mais rígidos, e essa condição passa a afetar diversas partes do corpo.
Os primeiros sintomas podem ser:
- fraqueza nas mãos, pés, boca ou garganta;
- cãibras em excesso;
- perda de peso;
- muito cansaço sem motivo aparente;
- espasmos musculares.
Em fases mais avançadas, as complicações passam a ser muito severas, como:
- incapacidade de andar;
- perda da fala e da capacidade de engolir alimentos;
- perda da capacidade de respirar.
Quando esse estágio é atingido, é necessário auxílio de aparelhos para manter o paciente vivo, como sondas alimentares e ventiladores mecânicos. No caso de Stephen Hawking, foi usado também uma voz artificial para que ele pudesse se comunicar, assim como uma cadeira de rodas especial para que ele tivesse uma boa capacidade de locomoção.
Um ponto interessante é que essa doença não necessariamente afeta a capacidade mental do paciente, muitas vezes vezes os danos são apenas motores. Por isso, um indivíduo com ELA pode raciocinar e manter uma vida intelectual normalmente, como foi o caso de Stephen Hawking.
Porém, em mais de 50% dos casos há dano cognitivo, podendo afetar a memória e o comportamento. Em cerca de 10% dos casos o paciente pode chegar a desenvolver demência.
Tratamento
Infelizmente não há cura para a ELA. O que existem são remédios que diminuem os sintomas e aumentam a sobrevida, como o Riluzol, por exemplo. Outra estratégia que tem eficácia para diminuir as dores é a realização de sessões de fisioterapia. Quanto antes o tratamento for iniciado, maior as chances de aumentar a qualidade de vida da pessoa afetada.
Mais de 50% dos pacientes morrem antes dos 3 anos de desenvolvimento da doença. Cerca de 20% chega aos 5 anos, enquanto apenas 10% passa dos 10 anos. Por isso, viver mais de 55 anos com o diagnóstico de ELA, como fez o físico britânico, é algo extremamente raro.
Relação com mudanças climáticas
Uma publicação na revista científica “American Academy of Neurology” trouxe uma série de evidências que relacionam variações climáticas bruscas com o aumento de derrames, enxaquecas e convulsões. Foram analisados 364 estudos entre os anos de 1990 e 2022.
Além disso, a publicação também encontrou relação de poluentes com doenças como demência, mal de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica. O aumento de partículas de cobre e nitratos no ar de determinados locais coincidiu com o aumento de casos destas doenças. Apesar de não ser possível afirmar que existe uma relação direta, os cientistas suspeitam que as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global podem ter influência em doenças degenerativas.
Fonte: OMS, Pastoral da Criança, BBC News, Tua Saúde, Instituto Nascer