De acordo com o estudo coordenado pelo professor Robson Carvalho, do Instituto de Biociências (IBB-Unesp) , com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o grupo apresentou dados que indicam o potencial da proteína TRIB3, codificada pelo gene de mesmo nome, de inibir a infecção e a replicação de vírus semelhantes ao Sars-CoV-2, nome científico para o novo coronavírus. No texto publicado pelos pesquisadores, conclui-se que “medicamentos que estimulam a expressão de TRIB3 devem ser avaliados como potencial tratamento para covid-19”.
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Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram que o gene chamado TRIB3 aparece em número reduzido nas células epiteliais do pulmão, principal alvo do novo coronavírus em homens com mais de 60 anos. Esse grupo foi o mais impactado pela covid-19 no mundo, de acordo com análises.
Em conversa com a Agência Fapesp, Carvalho contou que “há uma droga com esse mecanismo de ação sendo testada contra o câncer de endométrio por uma farmacêutica espanhola”. Além disso, informou que estão “estabelecendo parcerias para novos estudos com o objetivo de testar in vitro o efeito de compostos que estimulem a expressão de TRIB3 em células infectadas pelo novo coronavírus”.
Estudo do gene TRIB3
Através do sequenciamento de RNA de célula única (do inglês, single-cell RNA-seq), o grupo de pesquisadores da Unesp analisou que o gene TRIB3 está presente nos alvéolos pulmonares.
“Observamos que a TRIB3 está expressa principalmente nas células epiteliais dos alvéolos pulmonares, as mesmas que expressam ACE-2 (sigla em inglês para enzima conversora de angiotensina 2), proteína à qual os coronavírus se conectam para invadir as células humanas. Isso reforça a hipótese de que a TRIB3 regula negativamente a infecção pelo Sars-CoV-2, ou seja, protege a célula da infecção”, explicou o coordenador da pesquisa.
Os pesquisadores também observaram que a expressão do TRIB3 no organismo masculino diminui progressivamente com o envelhecimento. Essa conclusão explicaria o motivo de homens com mais de 60 anos serem as vítimas mais recorrentes nessa pandemia, atingindo mulheres em números menores.
Tecido epitelial e o novo coronavírus
O corpo do vírus é coberto por uma camada de proteínas semelhantes a uma “coroa de espinhos”, que são as proteínas S, capazes de se conectar à parede celular, o que permite a introdução do seu material genético dentro da célula e “rouba” as funções celulares.
Uma vez dentro da célula, o material genético do vírus (RNA) faz com que as células se comportem como uma linha de produção de novos vírus.
O tecido pulmonar é formado por um grande conjunto de células epiteliais e é um dos principais alvos do vírus da covid-19. Quando uma pessoa é infectada, o organismo produz rapidamente novos vírus, facilmente disseminados através da respiração, que funciona como uma porta de entrada para o Sars-CoV-2.
No entanto, apesar de o sistema respiratório ser o mais afetado, o novo coronavírus também é capaz de atingir outras áreas do organismo. Isso acontece porque o vírus da covid-19 se espalha através da corrente sanguínea e pode resultar em fadiga, dores musculares e até provocar lesões tanto no coração quanto no fígado.
De acordo com os relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, alguns grupos e faixas da população são mais suscetíveis ou vulneráveis à covid-19, também podendo apresentar reações distintas.
Covid-19 no Brasil
O Brasil atingiu a marca de mais de 100 mil casos de morte por covid-19 e mais de 3 milhões de infectados pelo vírus. São Paulo, que forma o maior Produto Interno Bruto (PIB) municipal do Brasil e é a 10ª capital mais rica do mundo, tem o maior foco de casos, com mais de 628 mil diagnosticados e 25 mil mortes.
O Rio de Janeiro apresenta o segundo maior índice de mortalidade por covid-19 no Brasil, com 14 mil vítimas. Apesar dos elevados números de casos fatais, há uma tendência ao afrouxamento do isolamento social acontecendo no país e nas grandes capitais, como as citadas acima.
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Fontes: Agência Fapesp.