O Brasil registrou mais de 168 mil picadas de aranha em um período de cinco anos, de acordo com Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em 2022. Embora a taxa de óbitos seja relativamente baixa, com apenas 92 registros entre 2017 e 2021, o acidente com o animal pode resultar em dores, inchaço, vermelhidão e necrose local.
As ocorrências com aranhas costumam aumentar nos meses mais quentes do ano, especialmente janeiro e fevereiro. Segundo o levantamento, os mais atingidos pelas picadas são homens brancos, moradores de zonas urbanas, em idade economicamente ativa e da Região Sul. No entanto, qualquer pessoa pode sofrer um acidente com o aracnídeo.
Quais são as aranhas perigosas mais comuns no Brasil?
No mundo, existem 48 mil espécies de aranhas, das quais 4,5 mil estão presentes no Brasil. Apesar disso, apenas três gêneros, que abrigam 20 espécies, são os maiores causadores de acidentes que demandam atenção médica no País.
A maioria das espécies têm hábitos noturnos. As aranhas preferem locais com sombra e sem movimentação, como troncos, pedras, entulho e objetos guardados há bastante tempo. Por isso, em zonas de risco, é importante sacudir roupas e calçados, além de manter camas afastadas das paredes e fechar frestas de portas e janelas durante a noite.
Aranha-marrom
A aranha-marrom, também conhecida como aranha-violino, é comum em regiões urbanas e rurais. Apesar de não ser agressiva, é importante manter distância e não a perturbar, já que ela pode picar quando se sente ameaçada ou comprimida.
Com um corpo de apenas 1 centímetro, a aranha-marrom pode medir até 3 centímetros de comprimento, contando com as patas. Ela é noturna, constrói teias irregulares que lembram algodão esgarçado e pode ser encontrada dentro e fora de casa, em locais como materiais de construção, móveis, quadros, rodapés e objetos em depósitos, garagens e porões.
A picada da aranha-marrom é pouco dolorosa, mas pode causar uma lesão dura e escura que, se não for tratada, pode evoluir para uma ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, a urina pode escurecer após a picada.
Leia também:
- Quais são as principais doenças zoonóticas?
- 70% das doenças modernas são de origem animal, alerta FAO
- Quais são as 5 principais doenças transmitidas por mosquitos?
Aranha-armadeira
A aranha-armadeira é agressiva, sendo facilmente reconhecida por levantar as patas dianteiras quando assume uma posição de ataque. Também chamada de “aranha macaco”, ela pode chegar a 15 centímetros de comprimento, contando com as patas, e saltar até 40 centímetros de distância.
Ela não constrói teias, é caçadora e tem hábitos noturnos, abrigando-se sob troncos, folhas, entulho, vasos, móveis e até mesmo em calçados. Por isso, é importante ter cuidado ao manusear objetos em áreas com possibilidade de esconderijo para esses animais.
A picada da aranha-armadeira é extremamente dolorosa e causa poucos sinais visíveis no local. Em casos mais graves, podem ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.
Viúva-negra
A viúva-negra tem corpo preto e abdômen arredondado com uma mancha vermelha em forma de ampulheta. Ela mede até 4 centímetros de comprimento, contando as patas. Apesar de sua aparência assustadora, essa aranha não é agressiva e geralmente é encontrada em locais com sombra perto de casas, como canaletas de chuva e telhas, e sob arbustos e pedras.
Noturna e sedentária, ela tece teias irregulares em arbustos, gramíneas e cascas de coco em áreas de mata, como parques e jardins, mas também pode habitar zonas urbanas, em frestas de paredes e janelas ou sob cadeiras e mesas de jardim.
A picada da aranha pode causar dor local, contrações nos músculos e sudorese, bem como alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
O que fazer depois da picada de aranha?
Caso você seja picado por uma aranha, é importante agir rapidamente. Lave o local da picada com água e sabão e use uma compressa morna para aliviar a dor. Mantenha o local elevado e, mesmo que a aranha não pareça ser das espécies venenosas citadas, procure ajuda médica para prevenir complicações. Se possível, leve o aracnídeo para que possa ser identificado.
Evite soluções caseiras, que podem gerar complicações. Não faça torniquetes, pois eles não impedem a circulação do veneno e podem aumentar o risco de necrose na região. Também não realize cortes ou furos no local da picada para drenar o veneno nem tente sugar o veneno.
Além disso, não coloque nada sobre a picada, como folhas ou pó de café, exceto a compressa, e evite o consumo de álcool, visto que pode piorar a reação do corpo ao veneno.
Fontes: Drauzio Varella, Tua Saúde, Ministério da Saúde, Prefeitura Municipal de São Paulo, Secretaria de Saúde do Paraná