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Como diferenciar epilepsia noturna de distúrbios do sono?

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Sono de má qualidade é um fator agravante para diferentes crises, como disfunções em órgãos, e é comumente associado à piora em quadros de crises epilépticas por promover a ativação do sistema nervoso.

Apesar de distúrbios do sono e epilepsias noturnas poderem coexistir, é importante diferenciar os diagnósticos para encontrar o melhor tratamento para ambos e controlar as convulsões durante o sono.

Qual é a relação entre sono e epilepsia?

A associação entre epilepsia e distúrbios do sono é antiga, mas foi em 1929 que o psiquiatra Berger viabilizou o registro de correntes elétricas no cérebro humano de forma não invasiva, o que nomeou de eletroencefalograma (EEG).

O EEG é imprescindível para a investigação diagnóstica, mas, ainda assim, pacientes com epilepsia costumam reclamar de sintomas associados aos distúrbios, como:

A descoberta do eletroencefalograma foi revolucionária para diferenciar epilepsias de transtornos do sono. (Fonte: DCStudio/Reprodução)

Segundo estudos, um terço desses pacientes apresenta quadros de crises também durante o sono, mas os que têm crises exclusivamente noturnas chegam a variar de 7,5% a 45%, sendo o tipo de crise epiléptica o fator principal dessa variação.

Quais são os tipos de epilepsia relacionada ao sono?

Alguns tipos de epilepsia são mais comuns durante o sono, e o diagnóstico é dificultado não só pela variedade de quadros epilépticos como também por:

Existem diferentes quadros associados ao sono, sendo possível distingui-los melhor conforme os sintomas e os quadros convulsivos.

Epilepsia noturna do lobo frontal

Acontece de forma esporádica com crises que geralmente começam por volta dos 8 anos de idade. Os exames costumam ter resultados normais e podem acontecer convulsões noturnas agrupadas e breves durante o sono sem movimento rápido dos olhos (NREM).

Epilepsia benigna da infância com pontas centrotemporais

Nesses casos, as crises se iniciam por volta dos 2 anos aos 13 anos, e o EEG aponta atividade aguda da região centrotemporal (e suas proximidades) com ativação durante o sono. A remissão da doença ocorre de forma espontânea durante a adolescência.

Epilepsia com ponta-onda contínua durante o sono de ondas lentas e síndrome de Landau-Kleffner (SLK)

A ocorrência em ambas acontece desde o início da vida até os 12 anos. Os exames de EEG apresentam descargas ativadas pelo sono e por algum tipo de déficit neuropsicológico, dificultando um bom prognóstico, apesar de pacientes manifestarem crises epilépticas facilmente controladas.

Na síndrome de Landau-Kleffner, as crises são consideradas benignas e com regressão ou estabilização sem lesões cerebrais focais. (Fonte: John-Mark Smith/Reprodução)

Epilepsia do lobo temporal (generalização secundária)

Esse tipo de epilepsia é mais frequente em adultos, ocorrendo durante o estágio do sono NREM e, ocasionalmente, durante o sono com movimento rápido dos olhos (REM), quando ocorrem sonhos e consolidação da memória de curto prazo.

Síndrome de West e de Lennox-Gastaut (SLG)

Nessas síndromes, o sono pode ser fator agravante, sendo que:

Como realizar o diagnóstico diferencial de epilepsia noturna e distúrbio do sono?

A confusão entre crises epilépticas noturnas e distúrbios do sono é comum, por isso o primeiro passo para se fazer um diagnóstico diferencial é conhecer as diversas manifestações de epilepsia do sono, bem como os principais transtornos relacionados ao sono.

Entre esses transtornos, a divisão acontece em dois grupos:

  1. parassonias — ligadas a transtornos como sonambulismo, paralisia do sono e transtorno dissociativo relacionado ao sono;
  2. transtorno do movimento relacionado ao sono — manifesta-se em forma de cãibras noturnas nas pernas, bruxismo do sono e outros transtornos.

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Fonte: Revista Brasileira de Neurologia, Academia Brasileira de Neurologia.

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