Neste Novembro Azul, mês que chama atenção para a promoção da saúde do homem, o câncer de próstata tem sido discutido com mais intensidade. A preocupação é justificada, pois é a segunda causa de morte por câncer na população mundial.
Essa doença, que atinge com maior incidência os idosos, pode ser silenciosa. Além de frequentemente ter uma evolução lenta e ser percebida em estágio avançado, é comum que os homens resistam ao acompanhamento médico periódico, sobretudo em relação ao exame de toque, que ainda é a forma mais eficaz de detectar esse tipo de câncer.
Por isso, pesquisadores debatem a possibilidade de desenvolver novas tecnologias que ajudem a detectar os tumores, como a adoção da identificação a partir de biomarcadores que auxiliem no diagnóstico laboratorial do câncer de próstata, em uma busca que também ocorre em outras formas de câncer.
PSA
Biomarcadores ligados ao câncer são substâncias presentes no tecido tumoral ou em fluidos, como o sangue, que podem informar a ocorrência de um tipo dessa patologia. O antígeno prostático específico (PSA) compõe o protocolo de saúde masculina desde a década de 1990, quando foi aceito pela Food and Drug Administration (FDA), agência estadunidense de vigilância sanitária, como um biomarcador válido no controle da doença.
Desde então, o PSA está entre os principais tipos de biomarcadores utilizados nos exames de rotina de homens idosos ou de meia-idade, sendo capaz de alertar com eficiência eventuais comportamentos estranhos da glândula, cujas formas de câncer são bastante comuns. Isso é fundamental, pois um diagnóstico precoce reduz significativamente a mortalidade, considerando que, em seus estágios iniciais, o câncer de próstata é menos agressivo e mais fácil de ser tratado.
Mas o PSA apresenta falhas, razão pela qual alguns pesquisadores defendem que ele deve ser substituído por mecanismos mais precisos de investigação. O principal entrave é que esse biomarcador não aponta desequilíbrios apenas de neoplasias, mas outros problemas na próstata: cerca de 60% a 70% dos pacientes com níveis de PSA elevados são submetidos a biópsias (método invasivo) com resultado negativo para câncer.
Alternativas
A contribuição do PSA nos últimos anos foi extremamente relevante, mas, diante desses problemas, a comunidade médica tem se questionado quanto à viabilidade de outros instrumentos que sejam ligados estritamente à ocorrência de câncer. No momento, há dois biomarcadores em desenvolvimento que podem substituir o PSA.
O primeiro é a calicreína humana 2 (HK2), que tem relação com o PSA, pois ambos são produzidos pelas mesmas células epiteliais secretoras na próstata. Ainda em fase de testes, a HK2 tem demonstrado ótima capacidade para rastrear, diagnosticar e acompanhar o desenvolvimento do câncer de próstata.
A segunda opção é o PCA3, um gene ligado especificamente à ocorrência de neoplasia de próstata com boa sensibilidade e especificidade (dois limites do PSA); ou seja, esse biomarcador é capaz de oferecer níveis precisos e confiáveis e não confundir a ocorrência de doenças cancerosas ou não. Nesse caso, a medição ocorre pela urina, que também é uma forma de exame laboratorial simples, por isso acredita-se que o PCA3 pode substituir definitivamente o PSA nos próximos anos.
Enquanto isso não ocorre, pesquisadores têm procurado encontrar formas mais precisas de analisar o próprio PSA. Uma das saídas é verificar parâmetros ligados à proporção PSA Livre/PSA Total, já que estudos têm demonstrado que a relação entre os dois modos como esse elemento circula no sangue pode diferenciar com eficiência as doenças da próstata.
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Fontes: Ead Hemocentro, Rev Oswaldo Cruz, Oncoguia, Inca, Programa de Educação Tutorial.