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Uma em cada cinco pessoas que tiveram perda olfativa (também conhecida como anosmia) devido à covid-19 relataram persistência dos sintomas mesmo após oito semanas da infecção. O dado foi citado por Carl Philpott, especialista em perda olfativa, em declaração à Universidade de East Anglia, na Inglaterra. O professor de Rinologia e Olfactologia na universidade participou de um estudo internacional sobre o tema e afirma: o melhor tratamento para a anosmia é o treinamento de olfato.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, revisado por pares e publicado em março de 2021, relataram que, embora tenham sido considerados inicialmente uma opção terapêutica, é preciso ter cautela ao utilizar os corticoesteroides em disfunções olfativas relacionadas à covid-19, pois existem poucas evidências científicas que apoiam sua eficácia nesses casos.
O tratamento com os corticoesteroides também é desencorajado por apresentar riscos à saúde, contribuindo com retenção de líquidos, aumento da pressão arterial e alterações de humor e de comportamento. O resultado da investigação estimula o treinamento olfativo como recurso terapêutico inicial para a sequela de covid-19 por não apresentar efeitos colaterais.
Treinamento olfativo e neuroplasticidade
O mecanismo cerebral que pode auxiliar na recuperação da capacidade olfativa é a neuroplasticidade, definida como a capacidade do cérebro de se reorganizar e compensar uma lesão ou mudança em sua estrutura. “Por sorte, a maioria das pessoas que passam pela perda olfativa como resultado da covid-19 recobra o olfato espontaneamente”, complementa Philpott.
Segundo o professor, pesquisas apontam que 90% das pessoas têm recuperação completa após seis meses. A melhor opção, segundo os especialistas, é sentir ao menos quatro cheiros variados duas vezes por dia durante vários meses.
Como treinar o olfato após a covid-19
A instituição inglesa sem fins lucrativos Fifth Sense, criada para ajudar pessoas afetadas por distúrbios do olfato e do paladar, oferece em seu site dicas para auxiliar o cérebro na busca por novos caminhos na recuperação da capacidade de sentir odores. Entre as recomendações aos pacientes em recuperação, está a utilização de aromas característicos e familiares que possam facilitar sua identificação.
Para isso, diversas opções podem ser utilizadas, desde que, segundo a entidade, não tenham potencial irritante para as mucosas, por isso é recomendado evitar produtos de limpeza, por exemplo. Entre os itens mais utilizados no treino olfativo, de acordo com o site oficial, estão alimentos como laranja, limão, hortelã, alho, café e ervas. Para treinar o olfato, o texto ensina: basta colocar o produto próximo ao nariz, sem que o toque.
A entidade aponta que perfumes e essências também podem ser úteis; basta embeber um lenço, algodão ou pedaço de papel com o produto, sentir o aroma e tentar identificar o item.
Apesar de o treinamento de olfato ser uma opção acessível, o ideal é que ela seja indicada e acompanhada por um profissional de saúde; dessa forma, a recuperação da covid-19 terá garantia de segurança.
Fonte: AAAS – American Association for the Advancement of Science, Fifth Sense.