Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e publicado pela revista The Lancet comprovou que os níveis de ansiedade, depressão e outras questões neuropsicológicas estão aumentando muito durante a pandemia de covid-19.
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Segundo o artigo, o número de pessoas que relataram sintomas de estresse agudo ou crises de ansiedade mais que dobrou entre março e abril de 2020, enquanto os casos de depressão aumentaram 90%. Outras pesquisas independentes, realizadas por empresas e entidades de classe, indicam que o home office e suas consequências para a rotina dos trabalhadores têm grande peso nessas ocorrências.
Solidão e excesso de trabalho
Um levantamento feito antes da pandemia, em 2019, pela fabricante de impressoras Epson, descobriu que 48% das pessoas que trabalham em casa, por conta própria, sentem-se solitárias e 46% acreditam que isso as deixa isoladas. Agora, essa questão é agravada pelo isolamento social, necessário para conter a pandemia.
Além disso, milhões de trabalhadores precisaram adotar o home office repentinamente, sem um período de transição ou orientações que ajudassem na adaptação. Em uma pesquisa realizada pela startup de tecnologia em recursos humanos Pulses e divulgada pelo Estadão, 54% dos entrevistados relataram níveis médios ou altos de ansiedade, sendo o excesso de trabalho um dos principais problemas.
Entre os publicitários, o número de profissionais com a saúde mental afetada é ainda maior: 65%, de acordo com um levantamento publicado pela Meio & Mensagem, uma revista especializada no setor. Além disso, foi constatado que muitos sentem medo de parecerem improdutivos ou de perderem o emprego.
Já na área de tecnologia, um estudo realizado pelo Porto Digital, um polo que reúne empresas do setor em Recife, apontou que 40% dos gestores consideram a saúde mental dos colaboradores o principal problema na adoção do home office. Segundo os organizadores da pesquisa, a mudança repentina e drástica agrava o problema.
“Neste momento, uma das características mais preocupantes quando se fala de saúde mental é a questão do distanciamento social, a brusca quebra da rotina, e para muitos trabalhadores a possibilidade de queda da renda”, afirmou Laura Nogueira, pós-doutora em Psicologia e especialista da Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro).
Ferramentas para enfrentar o problema
A falta de socialização e de outros compromissos, de maneira geral, é uma das principais razões para o excesso de trabalho. De acordo com Nogueira, esse contexto causa uma “percepção de não ter tempo para nada nem para si”, o que favorece os sentimentos de ansiedade e angústia.
Sendo assim, um dos primeiros conselhos dos especialistas é que os profissionais que estão em home office busquem manter ao máximo a rotina, com horários e locais bem definidos dentro do lar para trabalhar. Realizar atividades de lazer com a família ou por vídeo, para aqueles que vivem sozinhos, é outra medida que pode ajudar. Investir em itens que tornem a rotina mais confortável, como uma cadeira melhor, também é interessante nesse momento.
Outro fator que gera ansiedade no home office é a preocupação com a pandemia. Nogueira aconselha evitar o excesso de informação e buscar notícias em fontes confiáveis, grandes jornais e entidades de saúde pública, como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, é claro, a ajuda profissionais de saúde mental é mais importante que nunca para lidar com as pressões específicas do isolamento social. Por isso, muitos programas de acompanhamento com psicólogos e psiquiatras estão sendo desenvolvidos, como observa uma reportagem do Estadão.
No GetNinjas, app para contratação de serviços gerais, por exemplo, cinco psicólogos atendem aos colaboradores em sessões semanais de 50 minutos oferecidas pela empresa. Em duas semanas, desde a implantação do projeto, 25% dos funcionários aderiram aos atendimentos. Os coordenadores da pesquisa do Porto Digital também afirmaram que muitas companhias no polo estão investindo em programas de auxílio à saúde mental de seus trabalhadores.
Pouco tempo após a covid-19 ser declarada uma pandemia, a própria OMS publicou um guia com orientações de saúde mental. Nesse material, é possível encontrar dicas específicas para profissionais de saúde, que não estão enfrentando os problemas do home office, mas estão sendo muito afetados pela crise sanitária.
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Fontes: Estadão, Meio & Mensagem, Forbes, Porto Digital, Fundacentro e Organização das Nações Unidas.