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A artrite psoriásica (AP) é uma doença reumatológica autoimune. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estima-se que 2% da população mundial sofram com a psoríase. Aproximadamente 85% das pessoas que desenvolvem a AP manifestam primeiro lesões na pele; o quadro evolui para inflamação nas articulações em média sete anos após os sintomas iniciais da doença.
O diagnóstico precoce é imprescindível para um tratamento eficaz. Para Marta Azevedo, presidente do Grupo de Apoio aos Pacientes Reumáticos do Ceará (Garce), quanto mais tempo demora para descobrir a condição clínica, mais isso impacta a qualidade de vida de quem tem a doença.
“O diagnóstico nos pacientes que sofrem com a AP está de cinco a seis anos atrasado. Isso porque falta muita informação sobre a doença e políticas públicas que priorizem o atendimento precoce. Conscientização é a chave”, explicou no webinar Artrite psoriásica: do diagnóstico ao tratamento, um evento promovido pelo Diálogos Estadão Think em 25 de fevereiro de 2021.
Os sintomas aparecem na pele com manchas e lesões e se espalham para as articulações, como explicou a médica reumatologista e pesquisadora Tatiana Müller, que também participou do encontro. A doença causa comprometimento do músculo esquelético e se manifesta em dores intensas, rigidez, inchaço, cansaço e, com a evolução do quadro, até mesmo ansiedade e depressão.
Diagnóstico conjunto
A dermatologista Elisabeth Lima, outra convidada do evento do Diálogos Estadão Think, explicou que, como é uma doença que se manifesta de muitas maneiras, é papel dos profissionais de saúde que lidam com a situação compreender quando cabe uma realocação de setor. Para Azevedo, a doença psoriásica exige diagnóstico conjunta, muitas vezes entre reumatologistas e dermatologistas.
A AP tem identificação unicamente clínica, e não existe um exame que comprove a condição no paciente, por isso a confirmação é feita por meio de deliberação. “A doença é multifacetada, então o diagnóstico muda muito de acordo com o paciente. É uma doença de fatores genéticos, ambientais (traumas físicos e psicológicos) e até pode ser agravada pela alteração da microbiota”, completou Müller.
Acesso ao tratamento
Para iniciar a terapia da AP é necessária uma análise da pele, dos tendões, das juntas e de possíveis doenças inflamatórias no intestino e nos olhos, de acordo com Lima, por isso a decisão do tratamento é compartilhada com o paciente.
Müller explicou que existe no Sistema Único de Saúde (SUS) o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) específico para o tratamento de AP:
- são utilizadas medicações sintéticas com anti-inflamatórios e modificadores do curso da doença: metotrexato, sulfassalazina, leflunomida e ciclosporina.
- na falha de resposta, são feitas terapias biológicas.
- os imunobiológicos liberados no Brasil são infliximabe, etanercepte, adalimumabe, golimumabe, certolizumabe, secuquinumabe e ustequinumabe.
Imunobiológicos são anticorpos monoclonais que atuam como bloqueadores da sinalização intracelular e têm como alvo receptores da superfície, citocinas e moléculas de sinalização intracelular.
Novas tecnologias têm se mostrado muito positivas, e os pacientes que conseguem o reconhecimento precoce da doença têm vida normal e são completamente inseridos na sociedade. Segundo o médico reumatologista Cristiano Campanholo, participante da segunda etapa do webinar, mesmo quando há deformidades no corpo do paciente é feito um tratamento para o controle da evolução do quadro, com um planejamento adequado que possa evitar a condição inflamatória e a calcificações das articulações.
A aplicação de políticas públicas voltadas ao preparo dos profissionais de saúde em relação à AP tende a adiantar o processo de diagnóstico com a minimização da jornada clínica e dos impactos diretos aos pacientes.
Fontes: Fiocruz, Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, Conitec, Norvatis.