As doenças cardíacas são a principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Cerca de 17,9 milhões de pessoas morreram por essas patologias em todo o mundo durante o ano de 2016. Esse número representa 31% de todos os óbitos ocorridos globalmente. A maioria dos falecimentos é causada por derrames e ataques cardíacos.
Apesar da gravidade da situação, atitudes simples dos pacientes, como evitar fumar, uma dieta saudável e exercícios físicos, reduzem as chances de desenvolver essas enfermidades. Um novo estudo mostrou também que outra atitude simples – mas dessa vez realizada por profissionais da Saúde – pode ajudar na recuperação após uma falha no coração.
O atendimento médico domiciliar reduz o risco que sobreviventes de ataques cardíacos precisem voltar aos hospitais. A taxa de readmissão reflete diretamente no desempenho do hospital e no atendimento a outros pacientes. Dados do Hospital Israelita Albert Einstein indicam que a taxa de readmissão em 30 dias por insuficiência cardíaca pode chegar a até 20%.
Prevenção de complicações pós-alta
A maioria das pessoas sobrevive ao primeiro ataque cardíaco e volta à vida normal para desfrutar de mais anos de atividade produtiva. Porém, ter um ataque cardíaco significa que mais atenção deve ser dedicada à saúde do paciente, em especial nos primeiros dias após a alta hospitalar, para evitar complicações.
O descanso é importante após um ataque cardíaco, pois o esforço físico e as emoções intensas podem causar uma dor ou pressão no peito. O processo de reabilitação é delicado e deve ser acompanhado por uma equipe de saúde qualificada.
Um acompanhamento domiciliar de profissionais especializados, como enfermeiro e fisioterapeuta, pode ajudar a supervisionar clinicamente os sintomas ao mesmo tempo que permitem a retomada de atividades físicas de forma gradual. Esse trabalho previne complicações pós-alta e ajuda a evitar o retorno do paciente ao hospital.
Acompanhamento domiciliar após ataque cardíaco
Nos Estados Unidos, apenas uma pequena porcentagem de sobreviventes de ataques cardíacos recebe atendimento domiciliar, como o de enfermagem e fisioterapia, de acordo com os autores do novo estudo apresentado durante reunião virtual da Associação Americana do Coração (AHA). A pesquisa apresentada nas reuniões é normalmente considerada preliminar até ser publicada em uma revista revisada por pares.
“Pouco se sabe sobre o impacto da assistência médica domiciliar em pacientes com ataque cardíaco”, disse o principal autor Muhammad Adil Sheikh em um comunicado à imprensa da AHA. “Como os pacientes que recebem cuidados de saúde em casa tendem a ser mais velhos e doentes do que outros, e essas características podem levar à readmissão hospitalar, queríamos investigar o impacto dos cuidados de saúde em casa apenas na readmissão.”
Análise de dados
Sheikh é professor assistente clínico e hospitalista na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, em Ann Arbor. Sua equipe usou um banco de dados nacional de readmissões hospitalares para identificar mais de 400 mil sobreviventes de ataques cardíacos nos Estados Unidos, inclusive 38 mil pacientes que receberam cuidados de saúde em casa, o que representa pouco menos de 10% do total.
Resultados da pesquisa
Os pesquisadores concluíram que os pacientes com assistência domiciliar em saúde tinham 11% menos chances de serem readmitidos em um hospital dentro de 30 dias após a alta, comparados àqueles que não tinham atendimento domiciliar.
“Os pacientes que receberam atendimento médico em casa são mais velhos, do sexo feminino ou têm condições médicas subjacentes”, afirmou Sheikh. “É provável que esses pacientes se beneficiem ao máximo da assistência médica domiciliar, e esse serviço deve ser utilizado com mais frequência para reduzir potencialmente as taxas de readmissão hospitalar”, completa o professor.
“Como as readmissões hospitalares são caras devido às despesas associadas à hospitalização, o uso de cuidados de saúde em casa após a alta para pacientes com ataque cardíaco pode reduzir os custos de cuidados de saúde para pacientes e sistemas médicos”, disse Sheikh. “Este serviço deve ser utilizado com mais frequência para reduzir potencialmente as taxas de readmissão hospitalar”, ele completa.
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Fontes: Organização Mundial de Saúde, Hospital Israelita Albert Einstein e Associação Americana do Coração.