A epilepsia afeta cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil e mais de 60 milhões de indivíduos em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conhecida há mais de 2 mil anos, a condição se caracteriza por crises recorrentes.
Ao contrário do que se imaginava séculos atrás, a enfermidade não tem relação com possessões demoníacas, e sim com alterações temporárias no funcionamento cerebral. Essas mudanças são fruto de lesões, pancadas, meningite, neurocisticercose, tumores, acidente vascular cerebral (AVC), entre outras causas.
As alterações no cérebro levam a descargas cerebrais anormais, fazendo o órgão emitir sinais inadequados. Assim, acontece a crise epilética, que pode ser desencadeada por fatores como estresse, níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia) e nível de sódio reduzido no sangue, além de febre alta, principalmente em crianças.
Os ataques de epilepsia se manifestam de diferentes formas, dependendo da área do cérebro acometida pelas descargas em excesso. Manifestações motoras em todo o corpo (crise generalizada) ou em partes dele (crise focal, auditiva, visual, olfatória, autonômica e psíquica) são algumas delas.
Identificando uma crise epiléptica
As crises de epilepsia podem ser confundidas com outros distúrbios que apresentam sinais clínicos semelhantes, como desmaios causados por alterações psiquiátricas. Por isso, é importante saber diferenciar as condições, para oferecer a ajuda adequada ao se deparar com alguém passando por um ataque epilético.
As crises duram de segundos a alguns minutos, com a pessoa podendo cair no chão e apresentar contrações musculares em todo o corpo ou em apenas uma área dele. Rigidez, tremores, membros contraídos, salivação excessiva, mordedura da língua, incontinência urinária ou fecal e movimentos desordenados são alguns dos sintomas da epilepsia.
Também há a possibilidade de ocorrer movimentos automáticos involuntários, perda de consciência e desligamento, quando a pessoa tem o olhar fixo e perde contato com o meio. Após a crise, o paciente pode apresentar déficit de memória e sensação de confusão.
O diagnóstico deve ser feito por neurologistas com base nos sintomas e em exames como eletroencefalograma, ressonância magnética e tomografia computadorizada. O tratamento consiste na administração de medicamentos, mas a intervenção cirúrgica pode acontecer em quadros mais graves.
O que fazer durante um ataque de epilepsia
Mesmo sendo um costume muito comum, colocar objetos ou a mão na boca de alguém durante um ataque epilético deve ser evitado. As recomendações são deitar a pessoa, com o apoio de um travesseiro, afrouxar as roupas e não restringir os movimentos.
Leia também:
- O que a meningite pode causar?
- Startup desenvolve tecnologia capaz de prever crise epiléptica
- Como distinguir a tontura da labirintite?
Outra indicação é deitar o paciente com a cabeça para o lado quando os movimentos cessarem, para evitar que ele aspire saliva e secreções. Se a crise durar mais de cinco minutos ou a pessoa não recuperar completamente a consciência, é necessário buscar ajuda médica o mais rápido possível, pois há risco de as funções cerebrais serem afetadas.
Fonte: Hospital Sírio-Libanês, Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do Distrito Federal