Em 2018, Tasuku Honjo — da Universidade de Kyoto, no Japão — recebeu o prêmio Nobel de Medicina por contribuir com o desenvolvimento da imunoterapia como tratamento contra o câncer. Essa abordagem utiliza o próprio sistema imunológico do indivíduo para combater os tumores; ou seja, são usados compostos que estimulam o sistema de defesa do corpo para atacar as células tumorais.
O reconhecimento se dá por descobertas ligadas a medicamentos que estimulam o sistema imunológico a identificar as células cancerígenas e atacá-las. Com o avanço dos estudos oncológicos, a imunoterapia se tornou o quarto pilar do tratamento do câncer, juntamente com a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. A novidade levou ao desenvolvimento de um anticorpo que pode ajudar a tratar uma variedade de tipos de tumores.
O pesquisador conversou com a equipe do programa Caminhos da Reportagem sobre as vantagens da imunoterapia em relação às abordagens tradicionais. “Primeiro, a imunoterapia tem muito menos efeitos colaterais. A segunda vantagem é que o seu efeito dura mais tempo. Em terceiro lugar, ela é eficaz em praticamente todos os tipos de câncer”, declarou Honjo.
Para o especialista, no futuro a imunoterapia será a principal forma de tratamento da doença, assim como aconteceu com a penicilina. No início das pesquisas, ela não curou todas as disfunções infecciosas, mas os antibióticos que vieram depois do desenvolvimento dos estudos da penicilina conseguiram tratar quase todas as doenças infecciosas da nossa sociedade.
Para o jornalista David Coimbra, a imunoterapia foi a última alternativa, à qual ele teve acesso ao ser selecionado para participar de um estudo em Boston, nos Estados Unidos. O médico responsável por ele na época havia estimado um período máximo de vida de cinco anos; porém, graças à nova terapia, o prazo foi superado e os tumores de David regrediram.
No caso da funcionária pública Dayane Sant’Anna, um mapeamento genético mostrou que ela tem uma mutação que aumenta em 87% a chance de desenvolver câncer de mama.
Por isso, a melhor alternativa apontada pelos médicos foi uma cirurgia preventiva para afastar de vez a doença. “Quando a gente se dá conta da finitude, percebe que precisa aproveitar o agora, pois não se sabe o dia de amanhã. A gente não sabe o que vem depois. Então, o momento é agora”, contou a paciente.
Enquanto muitos pesquisadores estavam focados no funcionamento interno das células cancerígenas em busca de novas drogas para tratá-las, os especialistas envolvidos com a imunoterapia se perguntaram como o corpo vê o câncer.
Assim, o sistema imunológico foi colocado no centro das atenções como uma ferramenta poderosa no tratamento da doença. A aposta é que a ciência caminha para descobrir novas formas de prevenção e tratamentos menos invasivos, que proporcionem uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas.
Fontes: Cancer Research UK, Agência Brasil.