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O estresse associado à pandemia do novo coronavírus pode ter levado a mudanças na saúde reprodutiva da mulher, afetando a menstruação e a libido. É o que sugere uma pesquisa apresentada na Conferência Anual da Sociedade de Endocrinologia em Edimburgo (Escócia), no dia 9 de novembro.
Conduzido por pesquisadoras da Trinity College Dublin (Irlanda), o estudo procurou entender como a carga psicológica relacionada às medidas de prevenção da covid-19 impactou a fertilidade feminina. Para tanto, as especialistas entrevistaram 1.335 mulheres britânicas em abril deste ano, abordando os temas ansiedade, depressão, sono, entre outros.
De acordo com o levantamento, 56% das participantes sentiram uma mudança geral no ciclo de menstruação desde o início da crise de saúde global, além de terem notado queda na qualidade do sono e uma maior ansiedade. A piora nos sintomas pré-menstruais, como cólicas e mudanças de humor, também foi experimentada, segundo 64% das participantes.
Para a coautora do estudo, Lisa Owens, os distúrbios menstruais podem estar ligados ao sofrimento mental e ao sono ruim que vieram com a pandemia. Isso porque dobraram as taxas de depressão severa, ansiedade e dificuldade para dormir nas mulheres em idade reprodutiva no período em comparação com os níveis pré-pandêmicos.
Queda na libido
As mulheres também disseram ter sentido um menor desejo sexual na pandemia, o que foi apontado por 54% das entrevistadas. Conforme as autoras, as novas responsabilidades assumidas no período, incluindo o trabalho em casa e o maior tempo ao lado do parceiro, teriam relação com a queda.
Essas mudanças no estilo de vida, forçadas pela covid-19, levaram a um período prolongado de estresse, já conhecido por perturbar os ciclos menstruais, fazendo o corpo liberar grandes doses de cortisol. O hormônio ajuda o organismo a controlar o esgotamento emocional, permitindo o corpo a reagir contra a ansiedade.
Porém, as altas doses do “hormônio do estresse”, como ele também é conhecido, levam a sintomas como perda de massa muscular, dificuldade na aprendizagem e aumento do peso. Outros sinais de cortisol alto são a diminuição do apetite sexual e a menstruação irregular — alvos do estudo que ainda não foi publicado.
“Nossas descobertas destacam uma necessidade real de fornecer cuidados médicos adequados e apoio à saúde mental para mulheres afetadas por distúrbios menstruais devido à carga psicológica sem precedentes associada à pandemia”, observou a coautora da pesquisa, Michelle Maher.
Efeitos a longo prazo precisam ser estudados
Como o estudo aconteceu no estágio inicial da vacinação contra covid-19, as pesquisadoras não puderam verificar se a eficácia da imunização influencia na mudança do quadro detectado. Dessa forma, as autoras pretendem conduzir investigações adicionais para examinar o impacto do coronavírus sobre as mulheres a longo prazo.
A ideia é conduzir novas entrevistas a cada seis meses para verificar os efeitos de todo o contexto da pandemia na saúde reprodutiva e mental das mulheres. Por enquanto, ainda não há informações sobre quando elas vão começar.
Novas pesquisas também podem ajudar a esclarecer as falsas alegações de que as vacinas contra o coronavírus prejudicariam a fertilidade, surgidas nos últimos meses. Essas suposições têm levado muitas mulheres a deixarem de se imunizar, principalmente as mais jovens, em vários países.
Fonte: Forbes, iNews.