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Um estudo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, sugere que exista algum grau de causalidade entre os casos de demência em pacientes com deficiência auditiva. Publicado no Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, entretanto, revelou ainda ter algumas limitações.
Durante os testes de fala com ruído (FR), usados para detectar o grau de perda auditiva em um paciente, os cientistas chegaram à conclusão de que a causalidade entre os dois fatores pode fluir de ambas as direções. Sendo assim, a perda auditiva também seria significativamente maior em pessoas com quadros médicos de demência.
Qual a definição de demência?
Demência é o termo utilizado na medicina para descrever um grupo grande de doenças capazes de causar um declínio progressivo no funcionamento de uma pessoa, sobretudo do sistema cognitivo. Em geral, esse é um termo abrangente que descreve sintomas como perda de memória, raciocínio, capacidade intelectual e competências sociais.
Apesar de essa ser uma categoria de doenças que afeta as pessoas idosas em maior quantidade, nem toda a população da terceira idade necessariamente terá esse problema. Em algumas situações, pessoas a partir dos 40 anos também podem enfrentar essa doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam 47,5 milhões de pessoas com demência no mundo, número que pode chegar a 135 milhões de pessoas em 2050. Neste âmbito, a doença de Alzheimer é a que se destaca.
Relação entre demência e perda auditiva
A pesquisa realizada pela Universidade de Oxford acompanhou 82.039 homens e mulheres com mais de 60 anos durante um período de 11 anos. No início do estudo, nenhum dos indivíduos haviam sido diagnosticados com demência. Cada um dos participantes foi testado quanto à sua capacidade de compreender sons enquanto um ruído branco tocava no fundo.
O teste, feito para determinar a qualidade de audição de um indivíduo, dividiu as cobaias em três grupos: audição normal (67.645 pessoas), audição insuficiente (11.239 pessoas) e audição ruim (3.065). Além disso, os cientistas também questionaram se os participantes tinham histórico de depressão, isolamento social, uso de prótese auditiva e deficiência auditiva autorreferida.
Um total de 1.285 pessoas desenvolveram demência ao longo do estudo. Entre esses casos, 896 foram originalmente diagnosticados com audição normal, 286 com audição insuficiente e 103 com audição ruim.
Estatisticamente falando, a probabilidade de um indivíduo com audição insuficiente desenvolver demência foi 61% maior do que aqueles que não apresentaram problemas. Pacientes com deficiência auditiva tiveram um risco 91% maior.
Impacto a longo prazo
Como o cérebro é o órgão responsável pela capacidade auditiva, a falta de tratamento pode acarretar dificuldade na compreensão da fala e comunicação com outros indivíduos, além de um declínio da capacidade cognitiva com o passar dos anos. Isso pode causar o encurtamento das atividades cerebrais, que costuma ser o cenário em que doenças como a demência aparecem.
Caso a causalidade entre os dois fatores seja comprovada, os pesquisadores têm esperança de que as práticas de prevenção e tratamento da deficiência auditiva por conta da idade possam ajudar a diminuir os casos de perda cognitiva.
Fonte: Para Ouvir, Health Tech Insider, Alzheimer Portugal