A pandemia de covid-19 deixou vários danos além das consequências diretas da doença. O fechamento de diversos serviços ligados à Saúde e a diminuição das consultas recorrentes a especialistas geraram grande impacto na qualidade de vida da população.
Isso porque o medo do contágio fez que muitos pacientes não acompanhassem doenças crônicas com a periodicidade necessária, esvaziando os consultórios de endocrinologistas, cardiologistas e pneumologistas, por exemplo. Agora, com o início da volta à normalidade, a demanda para correr atrás do tempo perdido é alta.
Volta aos consultórios
Segundo uma pesquisa feita por uma empresa de tecnologia e saúde, houve aumento de 84% nas consultas médicas entre abril de 2021 e o mesmo mês de 2022. As teleconsultas foram especialmente beneficiadas, principalmente depois que os consultórios se adaptaram à modalidade para atender durante a pandemia.
Algumas pessoas com doenças crônicas foram mais afetadas durante o período de isolamento. Pacientes com diabete, por exemplo, relataram meses de espera para consultas e falta de insulina em hospitais.
A vida na pandemia
Estudos mostraram que muitas pessoas mantiveram hábitos menos saudáveis durante a pandemia. E não foi apenas a falta de atividade física, já que o aumento do estresse, o consumo de entorpecentes e uma alimentação mais pobre em nutrientes também tiveram papel fundamental nesse processo.
Segundo o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), cerca de 20% da população ganharam mais de 2 quilos durante a pandemia. No mundo, um estudo da Universidade Harvard (EUA) associou uma mudança considerável no peso em até 39% no mesmo período.
O fechamento das academias teve papel fundamental nisso, já que muitas pessoas não tinham espaço suficiente para praticar exercícios em casa. Isso gerou movimentos para reconhecer os centros de treinamento como atividades essenciais, assim como supermercados e farmácias.
O aumento no consumo de álcool também foi relatado, principalmente entre as mulheres. Segundo pesquisadores da Universidade de Massachusetts (EUA), o número de dias com ingestão de bebidas alcoólicas aumentou 14% entre os homens e 41% entre as mulheres no período da pandemia.
Caso semelhante ocorreu com o tabagismo. Segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com mais de 45 mil voluntários, houve alta de 34% no uso de tabaco durante o isolamento social.
Covid longa
O aumento da demanda por consultas médicas também pode estar associado à covid longa. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), entre 10% e 20% dos infectados pela doença apresentam sintomas recorrentes meses após terem contraído a doença. Para se ter uma ideia, a maioria dos pacientes deixa de apresentar sintomas após uma semana ou duas semanas de infecção.
Os sintomas da covid longa costumam ser cansaço, falta de ar e tosse persistente. Algumas pessoas relataram o desenvolvimento de doenças crônicas, como asma, após a infecção. Além de complicações respiratórias, houve aumento no número de relatos de depressão e ansiedade em pacientes que tiveram covid-19.
Fonte: UOL, Pfizer, Medcity News, G1, CNN Brasil, Harvard, Fiocruz