Um estudo realizado por pesquisadores da Brighton and Sussex Medical School (BSMS) e do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London revelou que a presença de lítio na água potável pública pode ter um efeito antissuicídio.
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A pesquisa reuniu dados de todo o mundo para avaliar a relação entre as áreas geográficas com taxas mais baixas de suicídio e os níveis relativamente altos de concentração do íon na água potável pública.
O lítio é um elemento naturalmente presente em vegetais, grãos, especiarias e na água potável. Além disso, é encontrado em algumas rochas e diferentes tipos de solo, portanto é fácil encontrá-lo também nos recursos hídricos. Ele é amplamente utilizado como medicamento para tratar e prevenir episódios maníacos e depressivos, reduzindo o risco de suicídio em pessoas com transtornos de humor.
Sabe-se que suas propriedades antiagressivas podem ajudar a reduzir a impulsividade, o comportamento criminoso violento e o abuso crônico de substâncias. Estudos recentes também ligaram o lítio à redução da incidência da doença de Alzheimer e de outras demências, o que aumenta seu potencial de caráter preventivo para combater o risco de demência.
De acordo com o professor Anjum Memon, presidente de Epidemiologia e Medicina de Saúde Pública da BSMS e principal autor do estudo, o resultado da pesquisa é bastante positivo.
Para ele, é promissor que níveis mais elevados de traços de lítio na água potável possam exercer um efeito antissuicídio e ter o potencial de melhorar a saúde mental. “A prevalência de problemas de saúde mental e as taxas nacionais de suicídio estão aumentando em muitos países. Em todo o mundo, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, e essa é a principal causa de morte entre pessoas de 15 a 24 anos”, comenta em texto publicado no site da Brighton and Sussex Medical School.
O estudo consiste em uma revisão de pesquisas anteriores sobre o assunto. Foram analisados dados de Áustria, EUA, Grécia, Itália, Japão, Lituânia e Reino Unido, os quais correlacionaram os níveis de lítio de ocorrência natural em amostras de água potável e as taxas de suicídio em 1.286 regiões desses países.
O professor Allan Young, presidente de Transtornos do Humor do King’s College London, afirma que a revisão feita confirma as descobertas anteriores e mostra a relação entre a presença da substância na água e as baixas taxas de suicídio. “Os níveis de lítio na água potável são muito mais baixos do que os recomendados quando é usado como medicamento, embora a duração da exposição possa ser muito mais longa, potencialmente começando na concepção. Esses achados também são consistentes com os achados em ensaios clínicos de que o lítio reduz o suicídio. e comportamentos relacionados em pessoas com transtorno de humor.”
Segundo relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tema, o número de países com estratégias nacionais de prevenção ao suicídio tem aumentado, mas a quantidade de países com ações efetivas sobre o assunto ainda é pequena. “Apesar do progresso, uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado da OMS em 2019.
Eficácia conhecida
Se colocado na água potável, a incidência de lítio é menor que as doses ingeridas em cápsulas. (Fonte: Pexels)
Os efeitos benéficos do lítio são conhecidos há bastante tempo. Apelidada de “íon mágico”, a substância já era utilizada entre os homeopatas por suas propriedades terapêuticas muito antes de os médicos começarem a voltar a atenção ao elemento.
Em meados do século 19, a substância foi adicionada a uma variedade de produtos que alegavam tratar várias doenças, variando de asma até ressaca. Porém, somente em 1970 o metal alcalino foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) como uma medida preventiva para pacientes que sofrem episódios maníacos recorrentes, suprimindo depressão severa, impulsividade, agressão e comportamentos violentos em pessoas com vários transtornos de humor. Devido às suas propriedades eletrocondutoras, o lítio tem sido usado como um componente em baterias e telefones celulares.
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Fontes: ScienceDaily, NY Post, Vice, Opas Brasil, Nações Unidas e BSMS.