Ouvem-se falar de resíduos e oceanos, mas quais serão os impactos dessa relação em humanos? Segundo estimativas, o plástico compõe quase todo o lixo jogado nos oceanos, degradando-se gradualmente até se transformar em pequenas partículas conhecidas como microplásticos.
Cientistas canadenses identificaram que cerca de 121 mil partículas são ingeridas por pessoa a cada ano, expondo-as a riscos oriundos dos componentes químicos usados na fabricação do material. Confira quais são os maiores perigos para o corpo humano.
Como os microplásticos se formam?
A demanda por plástico cresce continuamente no mundo todo, principalmente por causa do baixo custo e da alta durabilidade do material. No entanto, ao mesmo tempo, organizações mundiais buscam alternativas para combater a disseminação das micropartículas do plástico no meio ambiente.
Quando o material não é destinado à reciclagem ou à reutilização, o descarte dele costuma ser feito de maneira errada, degradando-se em forma de microplásticos, que podem chegar ao meio ambiente de diferentes maneiras, como:
- durante a lavagem de roupas, uma vez que muitas peças são produzidas usando poliéster e partículas se desgrudam durante as lavagens, chegando aos sistemas de tratamento de água;
- por meio de produtos de higiene e cosméticos, que podem conter partículas de polietileno, um tipo comum de polímero;
- por meio da não destinação correta de compostos, que chegam a oceanos, lagos, rios, florestas, etc.
Essas partículas ainda podem chegar ao meio ambiente de outras formas, principalmente levando em consideração que diferentes setores de mercado usam produtos oriundos do material, apresentando ameaça tanto à vida dos animais marinhos e terrestres quanto dos humanos.
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Quais são os impactos na saúde humana?
Uma pesquisa conduzida na Universidade de Victoria (Canadá) identificou que os microplásticos podem ser encontrados em diferentes alimentos (como peixes e moluscos) e até em temperos (como sal), na água da torneira e de garrafas e, inclusive, no ar.
Em outras palavras, o corpo humano está constantemente exposto a substâncias que podem provocar uma série de complicações para a saúde, contribuindo para maior propensão de desenvolvimento de problemas como:
- abortos;
- diabete;
- infertilidade;
- reações alérgicas;
- tipos diferentes de câncer;
- doenças cardíacas e psíquicas;
- síndrome do ovário policístico (SOP).
Ainda existem estudos que associam a ingestão do material a mudanças endócrinas, que podem provocar problemas de cunho comportamental.
Estudo recente investiga melhor os impactos
Pesquisadores associados a diferentes instituições globais uniram esforços para compor a Comissão de Plásticos e Saúde Humana de Mônaco, a fim de investigar os efeitos do uso e do descarte do material na saúde humana.
Os pesquisadores apontam os riscos do plástico em todo o seu ciclo de vida, revelando, inclusive, a extração de óleo e gás, que são as principais matérias-primas do material, e a logística envolvida nesse processo, como transporte, fabricação, consumo, reciclagem, combustão, etc.
Essas diferentes atividades provocam a contaminação das águas, dos solos e do ar, expondo a população a gases tóxicos e compostos que podem provocar nascimentos prematuros, doenças infantis e maior incidência de câncer, especialmente em trabalhadores que atuam diretamente com plásticos e químicos.
O estudo, que está em andamento, tem previsão de divulgação do relatório completo relacionado à saúde humana em março de 2023 e apresentará informações cruciais sobre a prevenção da população e a implementação de ações pelos sistemas de saúde.
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Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde, MD.Saúde, A&R Audiologia, Johns Hopkins Medicine