Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como legítima profissão do meio médico, a quiropraxia é definida como a área da saúde responsável por realizar diagnóstico, tratar e prevenir desordens do sistema neuro-musculoesquelético e possíveis efeitos que estas podem causar na saúde.
A função de quiroprata conquistou seu espaço na área da saúde de tal forma que a Federação Mundial de Quiropraxia (WCF) tem seus próprios representantes na OMS. Um dos focos da quiropraxia é o uso de técnicas para a manipulação articular da região da coluna vertebral, na qual são realizados trabalhos de correção e realinhamento do eixo principal do corpo humano.
Entre os problemas trabalhados na quiropraxia estão as subluxações vertebrais, termo utilizado para se referir a vértebras que apresentam algum problema de disfunção ou posicionamento. A subluxação de uma vértebra interfere no sistema nervoso, além de ocasionar problemas musculares, de articulação, ligamentos e discos ao redor do local afetado.
Um dos principais diferenciadores da quiropraxia em relação a outras áreas da saúde é o conservadorismo com que se aborda o sistema musculoesquelético. Sem o uso de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos, a manipulação da região da coluna vertebral serve como prática para restauração e fortalecimento da saúde, atacando e prevenindo possíveis problemas neurofisiológicos causados por disfunções nas vértebras.
Os perigos da quiropraxia
Apesar de ser uma técnica medicinal crescente, a quiropraxia desperta alguns receios na comunidade médica. Praticado em mais de 60 países, esse método de tratamento apresenta alguns riscos. Por exemplo, os pacientes que tiveram a coluna vertebral manipulada podem sentir dores localizadas nos primeiros dias após o procedimento. Entretanto, existem riscos ainda maiores. Segundo estudos médicos, um movimento quiroprático mal executado pode resultar na desintegração de uma artéria, o que seria capaz de produzir um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no paciente.
Para Edzard Ernst, professor de Medicina Complementar na Universidade de Exeter, na Inglaterra, o grande problema da quiropraxia passa pela falta de comunicação e transparência na relação entre médico e paciente. De acordo com ele, as pessoas foram acostumadas a ouvir histórias sobre como a quiropraxia poderia curar problemas como cólicas e asma, mas nunca foram alertadas para os riscos que podem surgir após um procedimento mal executado.
Em 2012, o professor publicou um estudo no Jornal Médico da Nova Zelândia, no qual apontou que, em uma coleta de relatos de 60 pacientes aleatórios de quiropraxia, 29 não receberam qualquer informação sobre possíveis efeitos colaterais do tratamento.
Em entrevista para o jornal inglês The Guardian, Ernst explicou que a omissão de informações sobre riscos à saúde é uma prática não ética, visto que, para decidir participar de um tratamento, o paciente deve ter as informações sobre benefícios e consequências para conseguir pôr tudo em uma balança e decidir se o custo-benefício lhe convém, não apenas com os conhecimentos da efetividade do procedimento.
Quiropraxia e treinamento intensivo
Segundo relatório da OMS, países como Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos já têm 50% da população adepta a procedimentos de quiropraxia. Assim como diversas áreas da medicina, para se tornar um quiroprata é necessário muito estudo e conhecimento, visto que a coluna vertebral é uma área muito delicada do corpo humano e requer diversos cuidados.
No Brasil, algumas instituições oferecem cursos de formação e capacitação em quiropraxia para profissionais da área da saúde, principalmente fisioterapeutas. Uma das vantagens da quiropraxia para outros procedimentos é que, embora precise de profissionais muito capacitados, ela não necessita de uma equipe médica auxiliar para sua realização, o que gera diminuição nos custos. Por isso, pensando no bem-estar dos pacientes e na capacitação de seus profissionais, o Governo Regional da Lombardia, na Itália, criou em 2004 o Guia de Treinamento Básico e Segurança na Quiropraxia em parceria com a OMS.
O objetivo do material era não somente aumentar a capacidade dos profissionais da área, que tinha acabado de ser incluída nos planos de saúde da região, mas também difundir os conhecimentos de quiropraxia e aumentar a capacitação de seus profissionais.
Fontes: OMS, The Guardian, Associação Brasileira de Quiropraxia, Federação Mundial de Quiropraxia, Hipolabor.