As chamadas terapias complementares e/ou integrativas têm sido utilizadas em todo o mundo. Essa mudança na área da saúde facilita a consolidação de um tipo de assistência centrada nas pessoas e orientada pelos princípios de humanização. Consolidada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no Programa de Medicina Tradicional, é utilizada por diversos países sob variadas nomenclaturas.
No Brasil, tais abordagens foram institucionalizadas com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e passaram a fazer parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.
Dentre as técnicas, a reflexoterapia tem se destacado por sua validez e sua facilidade de implementação — o método é simples, com baixa dependência tecnológica e custo reduzido.
Reflexoterapia
A teoria reflexa sustenta que certas regiões do corpo vinculam-se a outras por meio de descargas elétricas provenientes dos impulsos nervosos. Sendo assim, os princípios da reflexoterapia são o estímulo e a ativação da capacidade curativa do corpo do próprio paciente. A Associação Brasileira de Reflexologia e Terapias Associadas (ABRTA) a define da seguinte maneira:
“É uma técnica terapêutica não invasiva e não medicamentosa que visa restabelecer o equilíbrio (homeostase) das funções orgânicas do ser humano, previne e trata distúrbios orgânicos e desequilíbrios emocionais através de estímulos por pressão em terminais nervosos livres nos pés, trazendo melhorias em todo organismo e uma suave sensação de relaxamento após cada sessão.”
Aplicação e pontos podais
De acordo com o livro A Bíblia da Reflexologia, da autora inglesa Louise Keet, o tratamento é preferencialmente aplicado nos pés devido à alta concentração de terminações nervosas existentes nas extremidades do corpo.
Como a região é uma das mais protegidas do meio externo e, ao mesmo tempo, a que mais suporta pressão (do peso corpóreo), os tecidos podais são os mais sensíveis à estimulação.
Reflexoterapia não é massagem
Embora haja similaridades entre a reflexoterapia e a massagem, existem diferenças fundamentais entre os dois tratamentos. Ambos são benéficos, mas o objeto da manipulação e as finalidades são distintos.
A massagem consiste na manipulação dos tecidos do corpo, por meio de movimentos fortes ou sutis, com objetivo de relaxar a musculatura, aliviar tensões e melhorar a circulação sanguínea. Essa prática é capaz de melhorar a saúde e o bem-estar geral do paciente.
A reflexoterapia, por sua vez, estimula e pressiona pontos específicos com o propósito de restaurar o fluxo de energia através do corpo. O tratamento normalmente visa à manipulação dos pés do paciente, mas pode incluir mãos e orelhas também.
Aplicabilidades da reflexoterapia na área de saúde
Diversos trabalhos científicos têm recomendado a reflexologia podal como coadjuvante no tratamento de várias doenças, devido ao seu efeito benéfico.
- Pacientes com câncer: pesquisas realizadas em ambiente domiciliar ou unidades de tratamento oncológico mostram que a reflexoterapia tem efeitos positivos na redução da ansiedade e no controle da dor. Profissionais de saúde, e mesmo familiares e cuidadores, poderiam ser treinados nos conhecimentos da técnica para complementar o tratamento.
- Assistência pré-natal, pós-parto e puerpério: nesses casos, a reflexoterapia tem como objetivo controlar as mudanças próprias desse período. A aplicação do tratamento pode ocorrer nos serviços de atenção primária e secundária, para alívio de sintomas físicos, como o edema nos pés, e psicológicos, como medo e ansiedade. Na atenção terciária, a técnica atua na qualidade do sono das mulheres no pós-parto.
- Outras aplicações: fortalecimento do sistema imunológico, maior resistência a resfriados e infecções bacterianas, alívio da sinusite, recuperação de problemas de coluna, correção de desequilíbrios hormonais, melhorias na fertilidade e na digestão, bem como alívio da artrite.
O futuro da reflexoterapia
Reflexoterapeutas e suas associações de classe defendem, de forma categórica, que a reflexoterapia é eficaz na manutenção geral da homeostase e no tratamento de doenças crônicas, como acidente vascular cerebral (derrame), distúrbios musculoesqueléticos e estresse.
Pela forma relaxante de aplicação, sem utilização de medicamentos de qualquer natureza, a reflexoterapia é bem aceita pelo público em geral.
Porém, embora existam relatos e evidências da sua eficácia no alívio de inúmeros sintomas, algumas revisões indicam a carência de estudos mais robustos e com amostras capazes de comprovar, de forma mais abrangente, os efeitos positivos da reflexoterapia.
Fontes: Healthline, Tese Universidade de São Paulo – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, A Bíblia da Reflexologia, Associação Brasileira de Reflexologia e Terapias Associadas (ABRTA).