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Vacina bivalente contra a covid-19: entenda como funciona

Já se passaram quase dois anos desde o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Foi em 17 de janeiro de 2021 que a primeira dose do imunizante foi aplicada no Estado de São Paulo. Desde então, o País viu o número de mortes e casos graves diminuir drasticamente, o que possibilitou a abertura quase integral das atividades econômicas e o retorno à “normalidade” para a maioria das pessoas.

Porém, assim como outros vírus, o Sars-CoV-2 passou por diversas mutações, o que tornou as vacinas iniciais menos efetivas para combater a proliferação da doença. Por isso, a Pfizer, empresa norte-americana que produziu a maior parte das vacinas usadas durante a pandemia no Brasil, criou uma versão mais atualizada da imunização, que deve ajudar a proteger as pessoas contra mais de uma cepa do vírus. Elas são conhecidas como vacinas bivalentes.

Como as vacinas contra a covid-19 funcionam?

A vacina da Pfizer usa a tecnologia de ácido ribonucleico (RNA) mensageiro, também conhecido como mRNA. Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA representaram uma inovação na forma de fabricar imunizantes.

O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organelas que, entre outras funções, realizam o trabalho de sintetizar proteínas dentro das células). A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, conhecida como proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis.

Dessa forma, os anticorpos e linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Portanto, é possível imunizar uma pessoa sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético.

O que muda nas vacinas bivalentes?

Versão bivalente da vacina da Pfizer deve ser usada em grupos prioritários. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Como o nome já supõe, as vacinas bivalentes são capazes de imunizar contra mais de uma versão de um vírus de uma só vez. Para isso, é usada a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, está sendo usado o código da cepa original da covid-19 e o da variante ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo.

Cientistas esperam que essa atualização seja capaz de diminuir os últimos aumentos no número de casos. Essa versão deve ser usada, em um primeiro momento, apenas em grupos prioritários e doses de reforço.

Mais vacinas além da Pfizer

Apesar do contrato do Brasil com as vacinas bivalentes da Pfizer, outras empresas já trabalham para oferecer a mesma tecnologia em imunizantes. O mais avançado é o da Moderna, fabricante que também usa a técnica de RNA mensageiro. Segundo a companhia, as pessoas que tomaram a nova vacina apresentaram até oito vezes mais anticorpos contra a variante ômicron em comparação aos estudos da versão monovalente.

A Sinovac, fabricante da Coronavac, também trabalha para ter imunizantes bivalentes contra a covid-19. A empresa utiliza outra técnica, por isso a versão mais recente da vacina, focada no combate à ômicron, é apenas monovalente. Mas, segundo o presidente do Instituto Butantan, responsável pela produção do imunizante no Brasil, a versão 3.0 deve ser bivalente.

Vacinas bi, tri e tetravalentes

A experiência de se ter uma vacina contra diferentes variantes ou doenças não é nova. No Brasil, existem as trivalentes e tetravalentes contra a influenza. Na versão trivalente, são contempladas as variantes de influenza A, H1N1 e H3N2, com a adição da imunização contra o tipo B na versão tetravalente.

Outra vacina tetravalente bastante conhecida dos brasileiros é a tetraviral, que previne sarampo, caxumba, rubéola e varicela e é indicada para todas as crianças com 15 meses de idade.

Fonte: Governo Federal, Pfizer, Fiocruz, Instituto Butantan

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