Uma vacinação eficaz contra o novo coronavírus é a medida mais eficiente para conter a pandemia mundial da covid-19. A imunização preventiva da população diminuiria a pressão nos sistemas nacionais de saúde, salvaria vidas e tornaria desnecessárias as medidas de quarentena e isolamento social.
A disseminação do vírus é muito rápida, por isso cientistas e instituições concentram esforços para realizar pesquisas em alta velocidade. Todo o processo normalmente demora entre 10 e 15 anos. Porém, com todo o esforço dos pesquisadores, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que uma vacina contra a covid-19 deve levar pelo menos 18 meses para ficar pronta. Dessa forma, a imunização contra o novo coronavírus já estaria disponível a partir do fim de 2021.
Vacinas contra covid-19
A velocidade no desenvolvimento de novas vacinas contra a covid-19 só é possível porque os cientistas estão desenvolvendo abordagens inovadoras. Geralmente, as vacinas apresentam parte ou todo o patógeno no sistema imunológico humano, na forma de uma injeção e em dose baixa, para levar o sistema a produzir anticorpos. A imunização é alcançada usando formas vivas e enfraquecidas do vírus, ou parte ou todo o vírus inativado.
A partir do sequenciamento do RNA do Sars-Cov-2, novos métodos científicos foram desenvolvidos para manipular o material genético dos vírus, estimulando respostas imunes do organismo.
Existem pelo menos 115 projetos de vacinas contra o novo coronavírus em desenvolvimento no mundo. Destes, 73 superaram a fase de pesquisa básica e passam por testes realizados em laboratório para verificar o potencial imunogênico. Outros cinco se encontram mais avançados e já realizam estudos clínicos em seres humanos para demonstrar a segurança da vacina: Moderna, CanSino Biologicals, Inovio e dois no Shenzhen Geno-Immune Medical Institute.
Moderna
A Moderna, com sede em Cambridge, Massachusetts (EUA), foi a primeira empresa que recebeu aprovação regulatória para realizar testes em humanos, pulando os anos de experiências em animais que são a norma no desenvolvimento de vacinas. A Moderna produz a vacina a partir de instruções genéticas, utilizando o RNA modificado (mRNA-1273) da proteína Spike do novo coronavírus para gerar uma resposta imunológica.
A empresa iniciou o teste clínico de sua vacina baseada em mRNA apenas dois meses após a identificação da sequência genética do Sars-Cov-2. O primeiro paciente do estudo clínico recebeu uma dose da vacina em 16 de março.
A pesquisa deve envolver 45 pacientes adultos saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos, que serão acompanhados durante um ano. A previsão de conclusão é para junho de 2021.
CanSino Biologicals
Dois dias depois da Moderna, a CanSino Biologics, de Hong Kong, e o Instituto de Biotecnologia de Pequim anunciaram a aprovação de um ensaio clínico para outra vacina contra o novo coronavírus. Até o momento, esse é o projeto mais avançado para garantir a imunização contra a covid-19.
A empresa está avaliando um coronavírus com mutação genética no vetor de adenovírus tipo 5, Ad5-nCoV, provocando um defeito de replicação no vírus. A vacina adota o mesmo mecanismo utilizado com sucesso para desenvolver globalmente uma imunização inovadora contra a infecção pelo vírus ebola.
Os testes com humanos começaram a ser realizados em março e devem terminar até o fim de 2020. A pesquisa clínica envolve 108 adultos saudáveis com idades entre 18 e 60 anos na cidade de Wuhan, onde a pandemia mundial teve início.
Inovio
A Inovio começou testes clínicos com 40 participantes em abril nos Estados Unidos e planeja realizar testes com humanos na China e na Coreia do Sul. A empresa afirma que possui 3 mil doses preparadas para os testes nos três países.
Para a produção da vacina, a Inovia utiliza compostos de plasmídeos de DNA otimizados. Essas substâncias são pequenos círculos de DNA de fita dupla, sintetizados geneticamente por computador e projetados para estimular as células T e os anticorpos do corpo.
Cada participante receberá duas doses da INO-4800 com quatro semanas de intervalo. Os resultados iniciais do estudo são esperados até novembro. Até o fim do ano, a Inovio espera ter 1 milhão de doses da vacina prontas para ensaios clínicos adicionais ou uso emergencial em profissionais de saúde.
Vacinas de Shenzhen
A metrópole de Shenzhen se tornou o principal polo de inovação da China. A cidade abriga o Shenzhen Geno-Immune Medical Institute, que está desenvolvendo manipulações genéticas em lentivírus com duas substâncias que podem se transformar em vacinas contra a covid-19.
Os lentivírus possuem uma cadeia longa de RNA, permitindo a inserção de características genéticas de outros organismos em seu sistema. Assim, as vacinas incluem na cadeia de RNA partes do sequenciamento genético do novo coronavírus para gerar respostas imunológicas contra a covid-19.
O instituto chinês trabalha com as substâncias LV-SMENP-DC e aAPC. Os testes humanos com as duas substâncias deve ser concluído em julho de 2023.
Fonte: The Guardian, Nature e Rfi.