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Na semana em que o Brasil chega à marca de 300 mil mortes, o Instituto Butantan traz uma boa notícia ao País: uma vacina com tecnologia 100% brasileira está pronta para iniciar a fase de testes em humanos. Segundo o anúncio, feito nesta quinta-feira (25), a expectativa é que haja 40 milhões de doses da Butanvac disponíveis até o fim do ano.
De acordo com Dimas Covas, diretor do órgão paulista, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) receberá ainda nesta semana o pedido para o início de testes em humanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também será notificada.
Para as etapas 1 e 2, a solicitação deve incluir permissão para vacinar 1,8 mil pessoas jovens, que não tenham contraído covid-19 nem tenham doenças que os caracterizem como grupo de risco. Na fase 3, até 9 mil pessoas devem ser vacinadas. Todas serão voluntárias.
No início de março, a Lei 14.121/21, que estabelece diretrizes para a imunização da população, teve vetos do presidente Jair Bolsonaro. Entre os trechos restringidos, está o da previsão que estabelecia cinco dias para que a Anvisa aprovasse pedidos referentes à vacinação. Apesar disso, a expectativa é que os testes clínicos sejam iniciados ainda em abril.
Poderão ser produzidas até 100 milhões de doses/ano
O Butantan será capaz de produzir 40 milhões neste ano até julho. A partir de 2022, a expectativa é que sejam produzidas 100 milhões/ano. Essa previsão não altera, no entanto, a produção local da vacina CoronaVac, com insumos chineses.
Embora a aplicação na população dependa da liberação da Anvisa, a produção iniciará antes para garantir que haja o maior número possível de imunizantes quando as etapas de teste estiverem concluídas.
O desenvolvimento da vacina teve início há exatamente um ano, e os resultados têm sido promissores. Caso a resposta imunológica humana seja tão eficiente quanto foi em animais, Covas relata que há a possibilidade de a vacina apresentar apenas uma dose. Nesse caso, o número de pessoas vacinadas duplicaria, mas essa definição está em aberto e depende dos resultados dos testes clínicos.
Butanvac conta com tecnologia totalmente nacional
Ovos de galinha são o suporte para o desenvolvimento do antígeno da Butanvac, o que torna o processo eficiente e barato. Ao receber a proteína S (Spike), que o vírus usa para infectar as pessoas, as células do ovo reagem, criando o material bruto a ser tratado e então inoculado por meio da vacina.
Segundo Covas, a Butanvac deve ser capaz de imunizar contra a variante brasileira da covid-19, a P1, com mais sucesso do que outras vacinas em uso atualmente. Além disso, será possível adaptar a produção de forma a atualizar a vacina com possíveis variantes mais agressivas que as já existentes.
O método de desenvolvimento da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan é semelhante ao da vacina contra o vírus da gripe comum, o influenza. O Brasil tem expertise na produção desse imunizante, o que ajuda a explicar o sucesso no desenvolvimento da Butanvac.
Por essa razão, espera-se conseguir finalizar as vacinas contra a gripe comum entre o fim de março e o início de abril. Isso permitiria que o instituto concentrasse seus recursos na produção de vacinas contra a covid-19 a partir desse período.
Vacina ainda é o instrumento mais efetivo
A notícia sobre a disponibilidade da Butanvac para testes em humanos chega no período mais difícil da pandemia para o Brasil. Além dos 300 mil mortos, o País vive um colapso no sistema de saúde, com UTIs lotadas, retorno de câmeras frigoríficas para armazenamento de corpos, mais valas comuns e profissionais de saúde precisando eleger pacientes para terem suporte adequado.
Também nesta semana, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou uma nota condenando o suposto tratamento precoce contra o coronavírus, composto de cloroquina e ivermectina. Em vez disso, deve-se priorizar o uso de medidas sanitárias, como máscara, álcool em gel e distanciamento social.
O anúncio da entidade contraria recomendação anterior, que facultava a cada profissional optar livremente por qualquer protocolo, e segue as declarações do governo federal. Nesta quinta-feira, na mesma data do anúncio do Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro indicou que voltaria a tomar cloroquina caso fosse reinfectado por covid-19.
Fonte: BBC.