De acordo com um artigo publicado na Annals of Oncology, a comunidade científica desenvolveu um novo teste para prognóstico de casos de câncer de ovário. O método auxiliaria a identificação de pacientes com menores chances de sobrevivência, tornando mais fácil para a equipe médica seguir com novos direcionamentos terapêuticos.
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O estudo da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, contou com a participação de 125 autores de 86 instituições, como a Universidade de Cambridge (Inglaterra) e a Universidade do Sul da Califórnia (Estados Unidos).
Os cientistas acreditam que ao identificar rapidamente as pacientes que não obteriam respostas adequadas aos tratamentos atuais seria possível elevar consideravelmente suas chances de sobrevivência. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer ovariano é a segunda neoplasia ginecológica mais comum no Brasil, e estima-se que 6.650 brasileiras desenvolverão a doença em 2020.
Analisando o tumor em laboratório
O documento produzido pela UNSW indica que, em 2020, cerca de 1,5 mil australianas serão diagnosticadas com câncer de ovário e mais de 1 mil morrerão pela doença. Os números demonstram como esse tipo de tumor, apesar de muito comum, oferece um sério risco para a vida das mulheres.
A equipe analisou amostras de 3.769 tumores de ovário; com esse experimento, Susan Ramus, professora autora da pesquisa, garantiu ser possível avaliar de maneira precisa quais seriam as chances de sobrevivência de uma paciente cinco anos após o diagnóstico. Para os cientistas, a observação laboratorial das células cancerígenas é uma maneira muito mais eficaz de validar a probabilidade de sobrevivência de um indivíduo do que a mera interpretação sobre o estágio em que o câncer se encontra e a idade do paciente.
“Quando nós separamos as mulheres em cinco grupos, descobrimos que quem tinha a expressão genética do tumor associada com um bom prognóstico possuía nove anos de vida, enquanto as que pertenciam ao grupo de pior performance tinham apenas dois anos”, destacou a especialista.
Ramus também é cofundadora do Consórcio de Análise de Tecido de Tumor Ovariano (OTTA), um grupo de pesquisa internacional que conduz experimentos em grande escala utilizando um banco de dados privado para gerar avanços em importantes questões clínicas da área.
Câncer de ovário e baixas chances de sobrevivência
A equipe envolvida acredita que a metodologia adotada atualmente para o prognóstico do câncer de ovário é baseada em variáveis muito rasas, o que tornaria o desenvolvimento de uma nova ferramenta de análise ainda mais importante para o sucesso dos tratamentos.
O documento destaca que, ao contrário de outros tumores, como câncer de mama, o de ovário não deveria ser enfrentado da mesma forma em todas as pacientes. O aprofundamento das pesquisas sobre a expressão genética do tumor ovariano ofereceria maiores informações sobre qual tratamento seria aconselhável para cada pessoa.
Ramus e sua equipe esperam que a nova metodologia possa participar de testes clínicos em um futuro próximo, o que ajudaria a validar sua descoberta. “Dessa forma, poderíamos prever quem tem menor expectativa de vida e aplicar tratamentos alternativos o mais rápido possível”, relatou.
Prevenção ao câncer de ovário
Mulheres com infertilidade ou que ainda não tiveram filhos aparentam estar mais suscetíveis a desenvolver o câncer de ovário, como informa o Inca. O portal indica que o histórico familiar e o excesso de peso corporal também atuam como fatores de risco.
Ao contrário do câncer de colo do útero, o câncer de ovário não pode ser identificado através do exame preventivo ginecológico, portanto é recomendado que as mulheres mantenham um acompanhamento médico regular e procurem conclusões laboratoriais ao apresentarem quaisquer sintomas da doença, que incluem inchaço abdominal, dor na região e mudança no hábito intestinal.
Os métodos mais populares para o tratamento desse tipo de tumor são remoção cirúrgica e quimioterapia. A decisão médica é baseada no histórico da paciente e em outros determinantes, como a extensão do tumor e a sua recorrência.
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Fontes: Inca, Science Daily e Onco Guia