Um novo remédio pode condicionar o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas do câncer de próstata. Foi isso que um estudo da Universidade de Washington (EUA) revelou em novembro de 2022.
As pesquisas foram realizadas em camundongos de laboratório, e o medicamento apresentou combate ao tumor em diferentes frentes. Além de condicionar o sistema imunológico a atacar as células da neoplasia (tumor maligno), a droga ajudou os glóbulos brancos a penetrar no tumor com maior facilidade.
Os cientistas também afirmaram que o novo medicamento é capaz de cortar a capacidade das células cancerígenas de queimar testosterona como combustível para a própria reprodução. O trabalho foi publicado na revista Nature Communications.
Desafios do câncer de próstata
O tumor maligno na próstata é o tipo de câncer mais comum entre homens. Só em 2022, foram registrados pelo menos 70 mil casos da doença, o que representa mais de 30% entre todos os tipos de neoplasia em indivíduos do sexo masculino. Além da alta incidência, existem outros desafios.
“Precisamos desenvolver melhores terapias para pacientes com câncer de próstata, já que a maioria desses tumores desenvolve resistência a terapias hormonais que os médicos usam para os tratar”, disse o autor do estudo, Nupam Mahajan, professor da Escola de Medicina da Universidade de Washington.
“Esse estudo foi surpreendente porque descobrimos que essa droga ativa células do sistema imunológico de maneira inovadora e aumenta a capacidade dessas células de penetrar no tumor. Isso pode levar a uma estratégia mais eficaz para pacientes cujos casos são difíceis de tratar”, completou o professor.
O que é o medicamento?
A droga, conhecida como (R)-9b, é uma pequena molécula que bloqueia os oncogenes, que são importantes estruturas responsáveis pela capacidade de reprodução das células cancerígenas. Inicialmente, os pesquisadores atribuíram o sucesso do medicamento à capacidade de reduzir ou eliminar os receptores androgênicos das células presentes no câncer de próstata, observando esse efeito nos camundongos de laboratório.
Esses receptores são responsáveis por usar o hormônio da testosterona para alimentar o crescimento do tumor. Um dos diferenciais dessa nova droga é que, diferentemente de outras soluções usadas antes, ela não diminui a quantidade de testosterona do corpo, afetando apenas os receptores androgênicos.
Com o avanço dos estudos, os cientistas perceberam que a efetividade do medicamento era grande, o que levantou outras hipóteses sobre o funcionamento dela. Eles descobriram que a droga foi capaz de bloquear um gene conhecido como ACK1. Esse efeito foi entendido a partir da experiência com um dos camundongos cujo tumor teve o crescimento desacelerado.
Ao investigar o caso, os pesquisadores observaram a ausência do gene sem nenhuma alteração significativa na saúde do animal, o que foi surpreendente. Quando a droga foi reinserida em outros ratos de laboratório com células de câncer de próstata humano, o resultado foi replicado.
Essas conclusões são importantes por dois motivos. Primeiro porque indicam a capacidade de uma droga estar disponível em um futuro próximo para o combate do câncer de próstata. Segundo por ajudarem em futuras pesquisas sobre o gene ACK1, que pode ser a chave para outras formas de tratamento de diversos tipos de câncer.
Fonte: Inca, Science Daily, Instituto Vencer o Câncer