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Como o cérebro de adultos é capaz de sincronizar com o de bebês?

Um estudo realizado pela Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, analisou a relação entre bebês, adultos e sua ligação neural. A partir de testes, foi constatado que os pequenos realmente compreendem os comandos dos pais quando há contato visual, principalmente nos momentos de brincadeira ou conversa.

A pesquisa foi realizada no núcleo dedicado ao estudo dos principais momentos de aprendizado de bebês, chamado Princeton Baby Lab, e deu informações valiosas sobre a conexão cerebral dessa relação e seus benefícios.

(Fonte: Pixabay)

Pioneirismo em análises neurais de bebês

Precursora em colocar à prova a relação cerebral durante interações cotidianas entre crianças e adultos, a equipe da universidade constatou que a relação pode ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento social e o aprendizado de idiomas, impulsionados já nos primeiros anos de vida.

Diferentemente de estudos anteriores sobre o tema, nos quais ressonâncias magnéticas funcionais de adultos eram analisadas durante a realização de alguma atividade comum, como ao assistir a um filme, o método aplicado nessa pesquisa utilizou um novo sistema de neuroimagem de cérebro duplo com espectroscopia funcional de infravermelho (fNIRS). Essa nova forma de avaliar as atividades neurais foi capaz de registrar também a relação com a oxigenação do sangue.

(Fonte: Universidade de Princeton/Reprodução)

Relação entre adultos e crianças

Para a realização do estudo, um adulto interagiu com 18 crianças entre 9 meses e 15 meses de idade que “aceitaram” usar uma espécie de touca. Em duas etapas, o estudo induziu interações que implicavam no contato direto através de brincadeiras e canções infantis, além de manter uma conversa entre adultos enquanto a criança apenas estava no colo dos responsáveis.

Com a coleta das informações de 57 canais cerebrais, os pesquisadores registraram uma real conexão — algo como um alinhamento de pensamento — nos momentos em que as atividades eram direcionadas. Quando bebê e adulto eram afastados, essa ligação se perdia.

Casey Lew-Williams, codiretor do Princeton Baby Lab, ressaltou em um comunicado oficial da universidade que a equipe também se surpreendeu com os resultados, principalmente ao notar que muitas vezes as crianças exerciam uma espécie de liderança sobre os adultos. Essa descoberta, diferentemente do que muitos imaginavam, prova que os bebês não recebem informações de forma tão passiva. Durante as análises, foi possível rastrear o contato visual e os estímulos gerados entre eles, quando, por exemplo, as crianças sorriam após receberem contato direto.

O resultado da pesquisa abre uma grande oportunidade de ampliar e utilizar esses conhecimentos para aperfeiçoar técnicas de aprendizado. Crianças diagnosticadas com autismo ou mesmo educadores e pais podem ser beneficiados com direcionamentos para auxiliá-los no processo de estímulo ao aprendizado durante a primeira infância.

Fontes: Science Daily, Princenton, Elise Piazza.

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