Pessoas antissociais possuem diferenças no cérebro, com córtex mais fino e regiões do cérebro relacionadas ao comportamento menores. Isso foi o que revelou um estudo realizado por pesquisadores neozelandeses e do Reino Unido. A pesquisa foi publicada na renomada revista The Lancet Psychiatrdy, no dia 17 de fevereiro de 2020.
Como foi realizado o estudo
Os pesquisadores analisaram 672 pessoas, com idade média de 45 anos, usando a ressonância magnética. O estudo ouviu ainda os relatos de pais, cuidadores e professores, sobre problemas de conduta entre as idades de sete e 26 anos.
Assim, os participantes foram divididos em grupos. A divisão foi a seguinte: 80 pessoas tinham comportamentos antissociais persistentes ao longo da vida, 151 tiveram esse tipo de conduta apenas na adolescência e 441 tiverem pouco ou nunca apresentaram comportamento desse tipo.
Estudo mostrou que pessoas antissociais possuem cérebro diferente
A equipe comparou, após fazer a medição, a espessura média e a área da superfície do córtex dos participantes. Analisou ainda mais 360 diferentes regiões do cérebro.
Conclui que as pessoas que apresentavam comportamento antissocial ao longo da vida apresentavam uma superfície e a espessura cortical menor que os demais grupos. As áreas reduzidas estavam, em sua maioria, ligadas a comportamentos direcionados a objetivos, regulação das emoções e motivações.
Foram considerados antissociais pela pesquisa, as pessoas com histórico de roubo, agressões, intimidação, mentira ou dificuldade recorrente em lidar com questões relacionadas a trabalho e estudo. O estudo ressaltou que os indivíduos que apresentaram esse tipo de comportamento apenas da adolescência não apresentaram mudanças.
Importância do estudo
De acordo com os pesquisadores, esse estudo apresentou os primeiros dados que mostram que existem diferenças neuropsicológicas subjacentes em pessoas com comportamento antissocial persistente ao longo da vida, o que pode alterar a forma como são tratados jovens infratores.
“Pode haver diferenças em sua estrutura cerebral que dificultam a desenvoltura de habilidades sociais que os impeçam de praticar comportamentos antissociais. Essas pessoas poderiam se beneficiar de mais apoio ao longo de suas vidas”, diz Christina Carlisi, autora principal do estudo.
A coautora Terrie Moffitt também comentou o caso: “As abordagens políticas para comportamentos juvenis geralmente oscilam entre medidas punitivas e espaço para ‘reforma’. Nossas descobertas apoiam a necessidade de diferentes abordagens para diferentes infratores —no entanto, alertamos para que a imagem cerebral não seja usada para triagem, pois o entendimento das diferenças da estrutura cerebral não é suficientemente robusto para ser aplicado em um nível individual”.
O que não ficou claro após o estudo, de acordo com os pesquisadores, é se essa diferença cerebral que foi constatada é herdadas e precedem o comportamento antissocial ou se elas são fruto de outros fatores, como baixo QI, abuso de substâncias ou problemas de saúde mental. Para chegar a essa conclusão, serão necessários mais estudos no futuro, considerando as medidas cerebrais, dados genéticos e o ambiente em que os indivíduos estão inseridos.