Com a proposta de aperfeiçoar o tratamento de pacientes com câncer em busca de um diagnóstico mais preciso e menos invasivo, o médico Matthew Ellis, do Baylor College of Medicine, em Houston, nos Estados Unidos, criou um método que impacta profundamente a jornada de cura.
A partir da nova técnica, é possível realizar uma análise proteogenômica com amostras de material genético do tumor dos pacientes — anteriormente, ela só podia ser realizada a partir de amostras de tecido maiores.
Isso faz com que as biópsias tradicionais sejam limitadas porque exigem intervenção cirúrgica para retirada de material, o que pode se mostrar inviável diante do quadro clínico dos pacientes, ou são feitas com punções menos invasivas, mas acabam recolhendo material insuficiente para o exame.
De acordo com uma publicação no Science Daily, Ellis afirma que os métodos atuais costumam ser capazes de coletar amostras com apenas um quinto do volume necessário para um diagnóstico preciso.
Por isso, quando é necessário recorrer à segunda opção, os médicos muitas vezes não são capazes de entender precisamente qual é a dinâmica do comportamento celular nem prescrever um tratamento adequado. Como resultado, pacientes podem receber prescrições terapêuticas ineficazes diante de uma doença frequentemente fatal.
A solução encontrada pelo grupo de pesquisadores é simples, mas promete mudar drasticamente o resultado dos diagnósticos clínicos e o tratamento oncológico: trata-se de um método capaz de analisar com mais riqueza de dados uma quantidade menor de material. Uma intervenção mínima, feita com uma agulha, é capaz de oferecer dados detalhados sobre DNA, RNA e proteínas das células em metástase.
O método desenvolvido, chamado de diagnóstico em microescala, é eficaz porque as informações coletadas podem dar pistas sobre a forma como ocorre a metástase. Isso é fundamental, por exemplo, em formas agressivas do câncer de mama, que ainda não têm tratamento plenamente funcional porque os médicos não têm informações suficientes sobre as mutações celulares que ocorrem na fase de divisão das células cancerosas.
Durante o período de testes, os pesquisadores monitoraram o perfilamento proteogenômico antes e depois da quimioterapia tradicional. Os resultados demonstraram quais casos foram responsivos ao tratamento; quando as células foram resistentes, foi possível prever outros mecanismos terapêuticos, ajustando o tratamento com um nível de detalhamento clínico inédito. Hoje, a percepção sobre a ineficácia de uma terapia ocorre com uma lentidão que pode comprometer criticamente a saúde do paciente.
Segundo a mesma publicação do Science Daily, Steven Carr, que também compõe o núcleo de pesquisadores do Baylor College of Medicine, espera quebrar o paradigma atual, limitado e demorado, e ingressar em um novo parâmetro de diagnóstico, com perfilamento mais rápido de grandes listas de proteínas.
Para ele, o próximo desafio é definir quais são as abordagens prioritárias para a continuidade da pesquisa, que ainda precisa de testes, de forma a conciliar elementos laboratorialmente factíveis com uma frequência clínica que justifique essa escolha.
A conclusão de Ellis vai no mesmo sentido e apresenta alguma prudência: para ele, ainda são necessários mais testes, com diferentes amostras de tumor, para que a nova tecnologia seja levada aos consultórios médicos. De toda forma, o cenário é positivo. Trata-se de uma boa notícia que pode implicar uma taxa de sobrevivência no tratamento de diferentes tipos de câncer.
Fontes: Science Daily, Baylor College of Medicine.