Uma equipe de pesquisadores da Coreia do Sul foi responsável por desenvolver um dispositivo ocular capaz de realizar diagnósticos da saúde dos usuários através de suas ondas cerebrais e seus movimentos corporais.
Os chamados óculos multifuncionais fazem parte de uma série de estudos publicados na revista científica ACS Applied Materials & Interfaces. Além de produzir um relatório em tempo real sobre o status de saúde do “paciente”, o aparelho pode ser utilizado como óculos de sol regular ou até mesmo controle de video game.
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Cuidando da saúde
Os óculos inteligentes são um recurso inteiramente eletrônico capaz de medir as ondas cerebrais do cérebro e fornecer um diagnóstico. Para isso, o dispositivo utiliza dois tipos de exames: eletroencefalograma (EEG) e eletro-oculograma (EOG).
O EEG e o EOG são utilizados para absorver os sinais fornecidos pelo cérebro e pelos olhos e transformá-los em um relatório de informações que observa sinais de epilepsia e transtornos de sono, por exemplo.
Ao desenvolver os e-glasses, a equipe de pesquisadores buscou encontrar um dispositivo que simulasse as funcionalidades de outros aparelhos como os braceletes e relógios fitness, mas que pudesse elevar o patamar de monitoramento da saúde do corpo.
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Em sua configuração, a equipe de pesquisa liderada por Suk-Won Hwang integrou uma série de eletrodos condutores próximos à região das orelhas. É através desse recurso que o aparelho consegue realizar o acompanhamento sem fio do EEG e do EOG.
Multifuncionalidade
Os cientistas ainda acrescentaram um circuito wireless para detecção de raios ultravioleta (UV) na lateral dos óculos, junto de gel sensitivo que faz as lentes mudarem de cor conforme a variação dos índices UV. Dessa maneira, em dias mais ensolarados, o aparelho se transforma também em óculos de sol.
Por ser capaz de detectar movimentos oculares, a equipe de pesquisa também conseguiu adaptar suas funções para que os óculos conseguissem operar como “controle de videogame” em determinadas situações.
Durante a fase de testes, a equipe trabalhou para que a função EOG observasse os ajustes de direção e ângulo feitos pelos olhos e os transformasse em ações dentro do jogo Minecraft. Sendo assim, a nova ferramenta poderia se expandir para diversas outras funcionalidades digitais.
Pesquisas no Brasil
Em 2003, o médico brasileiro Márcio Abreu criou um par de óculos capaz de medir a temperatura real do cérebro humano. Trabalhando na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, ele buscava encontrar uma solução que pudesse monitorar a temperatura dos pacientes no período noturno – quando o estado de saúde parecia piorar em diversos casos.
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O procedimento não invasivo posicionava sensores na região descrita pelo médico como “túnel de temperatura cerebral”, no canto dos olhos, e transmitia informações em tempo real para algum monitor acoplado ao aparelho.
Em seu estudo, Abreu ressaltou que os óculos poderiam salvar vidas de pacientes que sofriam com hipertermia. O aparelho forneceria um alerta em casos de superaquecimento do corpo, levando o enfermo a tomar um copo de água para resfriar o organismo.
Medidor de cansaço
A mineradora Vale investiu cerca de R$ 15 milhões no final de 2018 para desenvolver um sistema de óculos inteligentes capaz de detectar sinais de sono em seus funcionários.
Dessa forma, os condutores de caminhões que apresentassem sinais de fadiga excessiva receberiam um alerta visual e sonoro pelo dispositivo, que também alertaria a central de monitoramento da empresa.
Chamado de OptAlert, o sistema foi instalado em 160 equipamentos nas operações da Vale no Pará. Os caminhoneiros têm à disposição um painel de 7 polegadas dentro do caminhão, onde podem acompanhar a sua condição física.
O aparelho conta com um indicador de cansaço em uma escala de 0 a 10. Ao apontar para o número 4 ou 5, o sistema já fornece um sinal de alerta sob o condutor. Em casos em que a escala ultrapassa o número 5, ele demonstra sinais críticos de cansaço.
Ao implantar um sistema integrado ao uso dos óculos inteligentes, a Vale buscou diminuir as possibilidades de acidentes causados por desatenção dentro das minas. Antes de chegar ao Brasil, a tecnologia já havia sido testada em Moçambique.
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Fontes: Science Daily, ACS, Universidade de Yale e Vale.