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Edição de genoma pode ser usada para curar doenças

Já se sabe, há algum tempo, que a possibilidade de editar os genes de um organismo vivo pode ajudar no tratamento de diversas doenças hereditárias. No entanto, até agora os métodos utilizados pelos especialistas da área não tinham conseguido atingir áreas específicas do DNA, porque o organismo vivo têm diferentes tipos de células, o que dificulta a criação de uma tecnologia que dê conta de direcionar essa edição.

Mas isso já está mudando. Segundo reportado no site Phys.org, pesquisadores do Instituto Salk, especialistas em pesquisas biológicas, na Califórnia, desenvolveram uma nova ferramenta, chamada SATI, com a qual conseguiram editar o genoma de ratos focando em mais mutações e tipos de células. Essa tecnologia, descrita na publicação Cell Research em agosto de 2019, pode ser expandida e utilizada para tratar condições como doença de Huntington e progéria.

Métodos que modificam o DNA até o momento funcionavam melhor em células que podem se dividir, como as da pele ou do estômago, porque utilizavam os mecanismos naturais de reconstrução do DNA. A ferramenta HITI, criada pelo laboratório Izpisua Belmonte, conseguia atingir todos os tipos de células. O objetivo dos pesquisadores da SATI é criar uma ferramenta mais versátil, que possa atingir as regiões não codificantes do DNA.

SATI, assim, é um avanço na tecnologia do HITI e conta com alguns dos mesmos nomes em seu grupo de pesquisa. A ferramenta insere uma cópia normal do gene problemático em uma região não codificante do DNA, antes do local da mutação, e esse novo gene se entrega ao genoma, livrando o organismo dos efeitos do gene original sem os riscos associados de uma substituição completa.

(Fonte: Shutterstock)

Os pesquisadores testaram a nova tecnologia em ratos vivos com progéria, ou síndrome do envelhecimento precoce, uma condição causada por uma mutação no gene LMNA. Essa doença pode causar problemas cardíacos e diminuir consideravelmente a expectativa de vida por conta da acumulação da proteína progerina.

Utilizando a SATI, uma cópia normal e não mutante do gene LMNA foi inserida nos ratos, e os pesquisadores puderam observar uma diminuição dos sinais de envelhecimento, especialmente nos tecidos da pele e do baço. A expectativa de vida aumentou em 45%, o que, quando transferido para seres humanos, representaria mais de 1 década de vida.

O próximo objetivo dos pesquisadores é otimizar a ferramenta, aumentando o número de células que incorporam o novo DNA e investigando os detalhes do sistema de restauração do DNA para melhorar os resultados e curar outras doenças.

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Fonte: Phys.org.

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