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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deixará de importar lotes do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para produzir as vacinas contra a covid-19. A partir de abril de 2021, a instituição dará início à incorporação tecnológica para fabricar a própria matéria-prima; com isso, os imunizantes passarão a ser totalmente brasileiros.
Segundo a instituição, o processo terá duas etapas. Em um primeiro momento, o IFA será enviado pela AstraZeneca para a produção de 100 milhões de doses que serão distribuídas ao Plano Nacional de Imunização (PNI), a fim de garantir imunizantes suficientes para a população no primeiro semestre deste ano. A partir do segundo semestre, a fundação passará a produzir o IFA de maneira independente com a incorporação das tecnologias da biofarmacêutica.
Benefícios
No cronograma inicial de produção das doses da Fiocruz estava prevista a chegada do IFA ao Brasil em janeiro de 2021, contudo a entrega atrasou um mês, causando falta de doses para a população. Com a produção própria do ingrediente, além de garantir que a fabricação ocorrerá de acordo com o cronograma, a fundação terá uma forma de explorar alternativas com o objetivo de desenvolver outros imunizantes.
Em 21 de fevereiro, a Fiocruz afirmou em entrevista ao UOL que pretende assinar o contrato com a AstraZeneca ainda em março e entregar 15 milhões de doses para o PNI. Para a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima, é importante pensar no acesso e no desenvolvimento tecnológico nacional, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) tem uma longa tradição nesse campo. “É uma encomenda tecnológica que garante ao País o acesso aos imunizantes e, ao mesmo tempo, a autonomia no seu desenvolvimento com a incorporação da tecnologia”, afirmou ela ao Canal Saúde.
O processo de produção do IFA e dos imunizantes
O ingrediente farmacêutico ativo é composto por vírus e células que originam o concentrado vacinal. No caso do imunizante contra a covid-19, essa substância é composta por um vetor viral não replicante, o adenovírus, retirado de chimpanzés, que é geneticamente modificado para criar anticorpos capazes de combater o vírus no corpo humano sem causar riscos.
À matéria-prima são adicionados componentes que diluem a concentração do vírus. A mistura é transportada em grandes tanques de aço inox e injetada em vidros que passam pelo processo de recravação, no qual as embalagens são lacradas com tampas de alumínio; em seguida, há uma inspeção completa para evitar qualquer tipo de problema com o lote.
Por fim, os recipientes são identificados com número de lote, data de fabricação e outras informações essenciais e são acomodados em caixas para a proteção durante a distribuição. Algumas amostras são encaminhadas para um processo de controle de qualidade que verifica eficácia, potência, estabilidade e esterilidade do produto.
Para o vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fiocruz, Marco Krieger, existem vários desafios na produção dos imunizantes. “Normalmente estimamos o prazo de produção e lançamento de vacinas em dez anos. Nesse caso, pretendemos fazer isso em menos de um ano, incorporando todas as etapas. Conseguimos dizer que seremos capazes porque já existe uma base tecnológica construída na fundação nos últimos anos, a qual poderemos utilizar, fazendo o procedimento dez vezes mais rápido que o tempo normal”, disse em entrevista ao Canal Saúde.
Fonte: Fiocruz.