No início de janeiro, depois de 2 milhões de mortes no mundo por covid-19, uma novidade trouxe um pouco de esperança para o atual cenário: uma pesquisa da Universidade do Alabama concluiu que a metformina, medicamento usado no controle de diabete tipo 2, pode atenuar significativamente o número de óbitos causados pelo vírus Sars-CoV-2.
A descoberta é relevante porque o fármaco parece reverter a tendência de mortalidade de pacientes diabéticos expostos à doença. Entre os medicados com metformina, há uma morte a cada dez pacientes — em geral, esse número é de um a cada cinco.
O papel da metformina na resposta à covid-19
Segundo o estudo, publicado na revista científica Frontiers in Endocrinology e revisado por pares, 93% das mortes ocorreram em indivíduos com mais de 50 anos. Além disso, a maior parte era homem ou tinha pressão alta.
A diabete também era um fator enorme de riscos: com a doença, a chance de morte é 3,62 maior — quase 70% dos óbitos eram de diabéticos. Esses dados são compatíveis com o que se observa em países como China e França, o que os torna seguros para verificação.
Por essa razão, os cientistas se surpreenderam ao mapear a performance da metformina. O efeito da medicação foi benéfico mesmo considerando idade, sexo, raça, obesidade, hipertensão ou doença renal crônica e insuficiência cardíaca.
Até o momento, não é possível explicar com nitidez as razões que otimizam a resposta imunológica de pacientes usuários desse medicamento, mas acredita-se que se trate de efeitos anti-inflamatórios e antitrombóticos, elementos que seguem sob hipótese e investigação.
Raça e classe no adoecimento por covid-19
Dos mais de 25 mil pacientes atendidos pelo hospital vinculado à universidade durante 90 dias do ano passado, 604 foram diagnosticados positivamente. Desse contingente, 52% eram afrodescendentes – o dobro da proporção racial entre negros e brancos do Alabama.
Diante disso, foi montado um grupo em que uma série de covariáveis foi controlada, a exemplo de raça, idade, sexo e uso de metformina. Como resultado, todas essas variantes apresentavam mudanças na resposta imunológica e na taxa de mortalidade, exceto o recorte racial.
Com esses dados, os pesquisadores perceberam que, uma vez diagnosticado com covid-19, brancos e afrodescendentes demonstravam a mesma evolução diante da doença, com taxas de mortalidade semelhantes. Portanto, para os cientistas, é possível concluir que a disparidade se deve ao risco de exposição e a fatores socioeconômicos externos, incluindo acesso a cuidados de saúde adequados.
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Fonte: Science Dailly.