Um dos maiores desafios para quebrar a cadeia de transmissão do coronavírus é identificar os casos assintomáticos. O teste mais eficaz, o RT-PCR, necessita de laboratórios, equipamentos e profissionais qualificados, o que acaba encarecendo o valor e limitando a aplicação do exame em alta escala. Porém, uma cidade na China encontrou uma estratégia segura e eficaz para vencer esse obstáculo.
Qingdao, no leste chinês, é uma cidade com uma população de 11 milhões de habitantes e conseguiu testar quase toda a sua população para covid-19 em apenas cinco dias. Para tanto, utilizou o método pool, técnica que consiste em examinar amostras de grupos de até 50 pessoas para aumentar a capacidade de testes dos laboratórios, reduzir os custos e o tempo de entrega do resultado.
O método, que já foi utilizado como estratégia econômica para controlar outras doenças, como hepatite e gripe, está disponível no Brasil e vem sendo utilizado por uma startup de Santa Catarina para identificar casos assintomáticos em cidades da região Sul.
Método em pool
Também conhecido como teste em lote, o método pool combina amostras de várias pessoas e as testa para o coronavírus de uma só vez, reduzindo o tempo e os suprimentos necessários.
O protocolo foi inventado para testar a sífilis durante a Segunda Guerra Mundial e já foi usado no passado para surtos de outras doenças e de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV.
São coletadas duas amostras da nasofaringe de cada indivíduo. Enquanto um dos materiais coletados é reservado em um tubo individual, o outro é testado de forma coletiva utilizando o método RT-PCR em tempo real.
Os resultados saem em até 24 horas. Se o resultado sair negativo, o exame indica que todas as pessoas testadas estão livres da covid-19. Quando o teste detecta a presença do vírus, um novo teste é realizado com a segunda amostra de cada indivíduo, e os resultados analisados individualmente para determinar qual foi a amostra que produziu o resultado positivo.
Caso chinês
Depois de dois meses sem registrar novos casos de transmissão de coronavírus, o governo chinês confirmou um teste positivo para covid-19 no início de outubro, na cidade de Qingdao. Com isso, as autoridades acenderam o alerta, mas a cidade não precisou ser bloqueada.
Após testar quase toda a população de forma coletiva, apenas 12 casos foram confirmados, todos ligados ao Hospital Municipal de Tórax de Qingdao, que tratava de pacientes com coronavírus vindos do exterior. Oficiais de saúde dizem que o governo chinês agora tem uma política de testar em massa qualquer cidade onde grupos de infecção sejam detectados.
Uso no Brasil
No Brasil, a tecnologia tem sido utilizada pela startup BiomeHub, que desenvolveu uma tecnologia própria de alta precisão para a identificação do novo coronavírus. Desde o início da pandemia, a startup catarinense já testou perto de 20 mil pessoas para a covid-19 apenas em Florianópolis (SC), entre servidores públicos, militares, jogadores de futebol, trabalhadores do transporte público e pequenos comerciantes.
Em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e prefeituras locais, a empresa deseja testar também a população de baixa renda na região metropolitana da capital de Santa Catarina.
Serão 3 mil testes em São José, 2 mil em Florianópolis, mil em Palhoça e mil em Biguaçu. A empresa deseja testar 1 milhão de brasileiros até dezembro. A capacidade atual de testagem da BiomeHub é de 500 mil testes por mês.
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Fontes: Saúde Business, MedRxiv, Biome-hub, Nsc Total, Washington Post, Daily Mail.