Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, descobriram que uma substância efetiva em tratamentos contra a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), epidêmica em 2003, pode funcionar em casos de covid-19. Trata-se do óxido nítrico (NO), um composto com propriedades antivirais que é produzido pelo organismo humano e, aparentemente, auxilia o corpo a combater as duas variações de coronavírus.
Por ainda não existir uma cura para a doença que percorre o mundo, grande parte das abordagens aplicadas por agentes de saúde atualmente é focada no alívio de sintomas, o que pode encurtar o tempo gasto por pacientes em hospitais e reduzir mortalidades. Entretanto, não havia provas de que elas afetam o vírus em si, até que Åke Lundkvist, líder do estudo, deparou-se com os resultados de sua pesquisa.
“Até onde sabemos, o óxido nítrico é a única substância que mostrou ter efeito direto sobre o Sars-CoV-2”, relatou o professor ao ScienceDaily.
Proteção ao organismo
O NO atua como uma espécie de hormônio no controle de vários órgãos, regulando, por exemplo, a tensão de vasos e o fluxo sanguíneo. Em cenários de insuficiência pulmonar aguda, pode ser administrado na forma de gás inalável com baixa concentração para impulsionar o nível de saturação de oxigênio no sangue. Há quase duas décadas, provou ser um ótimo aliado em terapias alternativas.
A epidemia de Sars contaminou 8.096 pessoas e matou 774, sendo interrompida apenas com a adoção de medidas de isolamento e quarentena de suspeitos de portarem o vírus, assim como restrições ao trânsito e interrupção de aulas nas escolas. Concentrada na China e em Hong Kong, a doença paralisou a região durante quase três meses.
Aprendizados
Lundkvist e sua equipe se basearam em uma descoberta sobre o coronavírus que causou a primeira epidemia de Sars. De acordo com eles, o NO liberado pelo doador S-nitroso-N-acetilpenicilamina (SNAP) provou ter efeito antiviral único que aumentava de acordo com a dose. O objetivo principal, agora, é investigar como o Sars-CoV-2 reage ao composto; para isso, construirão um modelo em laboratório que simule com segurança uma forma possível de terapia.
Já foram registradas mais de 1 milhão de mortes desde o início da pandemia que infectou quase 38 milhões no mundo todo. De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), há expectativas de que uma imunização eficaz contra a doença esteja pronta até o fim de 2020. Nove vacinas experimentais fazem parte da iniciativa global Covax, que visa distribuir 2 bilhões de doses até o fim de 2021. Ainda assim, é preciso lutar contra o tempo.
“Até obtermos uma vacina que funcione, nossa esperança é que a inalação de NO possa ser uma forma eficaz de tratamento. A dosagem e o momento do início do uso provavelmente desempenham um papel importante no resultado e, agora, precisam ser explorados o mais rápido possível”, finalizou Lundkvist.
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Fontes: Science Daily, Shutterstock, Worldometer, Estadão.