De acordo um estudo publicado na Cell Reports e conduzido por cientistas do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, prebióticos podem ajudar a inibir o crescimento de tumores do tipo melanoma. A pesquisa foi realizada com base em testes feitos com camundongos.
Ao serem alimentados por dois tipos específicos de prebióticos (mucina e inulina), os animais tiveram uma fortificação do seu sistema imunológico, aumentando a sua capacidade de combater o tumor e atrasando a sua resistência aos medicamentos.
Os pesquisadores acreditam que esse efeito tenha sido causado por conta de alterações nas comunidades microbianas no intestino dos animais, resultando assim em uma resposta ao câncer. Além de tumores, talvez seja possível utilizar esses medicamentos para o tratamento de outras doenças.
“Os avanços científicos que estamos fazendo aqui estão nos aproximando da ideia de implementar prebióticos em tratamentos avançados de câncer”, conta Scott Peterson, PhD e professor do Programa de Microambiente de Tumor e Imunologia do Câncer de Sanford Burnham Prebys ao Medical News Today. O autor sênior do estudo, Prof. Ze’ev Ronai, complementa que “Estudos anteriores demonstraram que os prebióticos limitam o crescimento de tumores, mas até agora o mecanismo pelo qual eles fazem isso não é claro”.
Como foi feito o estudo da relação entre prebióticos e câncer?
Alguns camundongos saudáveis ingeriram os medicamentos (inulina ou mucina) misturados em sua ração e bebida. Após isso, foram implantadas células de câncer de cólon ou melanoma nos animais, e então foi observada a incidência de alguma mudança relacionada ao crescimento do tumor.
Os pesquisadores constataram que os medicamentos aparentavam desacelerar o crescimento dos tumores de melanoma. Entretanto, apenas os ratos que consumiram a inulina conseguiram controlar o câncer de cólon.
Por esse motivo, os especialistas também avaliaram se essa alteração referente aos melanomas ocorreu pela ingestão dos remédios, principalmente a sua versão mais agressiva, o NRAS.
Atualmente, essa doença é controlada por meio da utilização de inibidores MEK, que bloqueiam uma via de sinalização celular e, assim, evitam a multiplicação do tumor pelo corpo.
O grande problema relacionado aos inibidores MEK é que, com o passar do tempo, os tumores acabam se tornando resistentes a eles, fazendo com que percam a eficácia em longo prazo.
Os ratos que tomaram os prebióticos tiveram esse efeito de maneira mais tardia, permitindo que os inibidores MEK atuassem por mais tempo em seu corpo e tumor.
Além disso, após a realização de testes em tumores do tipo melanoma mutantes BRAF “frios”, constatou-se que os roedores reagiram de forma similar tanto com o uso de prebióticos quanto com a terapia feita a partir inibidores do controle imunológico.
Essa descoberta pode ser de grande ajuda para o tratamento de tipos mais agressivos de câncer. De acordo com Scott Peterson, “os prebióticos representam uma ferramenta poderosa para reestruturar os microbiomas intestinais e identificar bactérias que contribuem para a imunidade anticâncer”.
Fonte: Medical News Today, GEN News.