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O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizetti Dimer Giamberardino Filho, afirmou que a entidade é contra o tratamento precoce indiscriminado contra o novo coronavírus, durante uma audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado realizada no dia 19 de abril.
Apesar de ser contra a terapia profilática, o CFM defende a autonomia do médico e a valorização da relação com o paciente. Entretanto, Giamberardino Filho alerta: “o médico que, tendo evidências de previsibilidade, prescrever medicamentos e isso venha a trazer malefícios, porque essa prescrição foi inadequada, seja em dose, seja em tempo de uso, ele pode e vai responder por isso”.
O evento foi realizado para ouvir especialistas na prevenção e combate à pandemia e também contou com a participação da presidente do Instituto Questão de Ciência (ICQ), a microbiologista Natalia Pasternak, e da pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de diversos senadores.
Portaria da CFM
No ano passado, o CFM publicou um parecer que estabelece critérios e condições para o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves, moderados e críticos provocados pelo Sars-Cov-2. Contudo, o documento enfatiza que não existem evidências “sólidas” da eficiência dos remédios na prevenção e no tratamento contra a covid-19.
Dessa forma, a autorização foi concedida fora da bula em situações excepcionais, permitindo a utilização das substâncias com o consentimento do paciente ou dos familiares. Para isso, o médico precisa seguir as considerações do parecer, sob pena de responder por eventuais malefícios provocados pela prescrição.
Eficiência do tratamento contra a covid-19
A microbiologista ressalta que os melhores estudos mostram que os remédios não funcionam. “Para cloroquina e hidroxicloroquina, nós temos mais de 30 trabalhos feitos no padrão ouro mostrando que esses medicamentos não servem para a covid-19”, ela comentou.
A pesquisadora afirma que o kit de medicamentos utilizado contra as infecções provocadas pelo Sars-Cov-2 contém um antibiótico que está sendo usado indiscriminadamente no Brasil inteiro. “Antibióticos não devem ser receitados sem retenção de receita e uma prescrição para uma infecção bacteriana; antibióticos não servem para infecções virais”, esclareceu Pasternak.
Para ela, o Ministério da Saúde deve organizar uma comunicação maciça sobre a vacinação e lembrar que “nós estamos tendo um problema de inadimplência de segunda dose nas campanhas de vacinação também por falta de uma boa campanha informativa”.
Uso arbitrário contra o novo coronavírus
“O Brasil tem mecanismos regulatórios excepcionalmente bem montados para combater o coronavírus”, avaliou Dalcolmo. Entretanto, de acordo com essa pesquisadora, o potencial do País não foi totalmente aproveitado para enfrentar a pandemia.
Dalcolmo argumenta que a utilização de cloroquina por nebulização é uma atitude criminosa, que deve gerar penalidade aos médicos. “O que nós vimos no Brasil foi a utilização de tratamentos sem base científica alguma e que resultaram, como causa adjuvante, para o País ter essa mortalidade que nos constrange enormemente como médicos”, ela completou.
Fonte: Rádio Senado, Conselho Federal de Medicina (CFM), Agência Brasil, TV Senado.